St-Rémy-de-Provence, Les Baux-de-Provence e Arles

St-Rémy-de-Provence, Les Baux-de-Provence e Arles

21 de fevereiro de 2019 0 Por Passagem Comprada

O nosso terceiro dia de hospedagem em L’Isle-sur-la-Sorgue foi dividido entre as cidades de Saint-Rémy-de-Provence, Les Baux-de-Provence e Arles, cada uma com características bem diferentes das demais. O trajeto completo de ida e volta não chegou a 3 horas, sendo que é sempre um prazer viajar curtindo as paisagens da Provence.

Nesse passeio, aliás, os campos verdes (ou roxos, de lavandas) deram lugar a um ambiente mais árido, propício para o plantio de oliveiras (que enchiam a beira da estrada) e rodeado pelas formações rochosas dos Alpilles (uma cadeia de montanhas não muito alta que dá nome à região).

Saint-Rémy-de-Provence

Começamos o dia por Saint-Rémy-de-Provence, uma cidade muito simpática que recebeu (e inspirou) Vincent Van Gogh em seus últimos anos de vida.

A chegada, para quem vem pela D99 (Route d’Orgon), já é um espetáculo, pois a estrada passa no meio de um túnel de árvores muito bonito.

St-Rémy-de-Provence Túnel de árvores

A primeira ideia que se tem ao chegar é a de que se está em uma cidade grande, sem todo o charme dos típicos vilarejos provençais. Mas foi só estacionar o carro (em um grande estacionamento público em frente ao Collégiale Saint-Martin) e entrar a pé na Vieille Ville (cidade antiga) que começamos a nos apaixonar.

St-Rémy-de-Provence
St-Rémy-de-Provence

As ruelinhas estreitas, repletas de cafés, galerias de arte e lojinhas lindas exigem um passeio com calma, para absorver bem a atmosfera leve e agradável da cidade.

St-Rémy-de-Provence
Imagine um passeio tranquilo ao som delicado de uma harpa!
St-Rémy-de-Provence

Durante nossas andanças, passamos pela fonte construída em homenagem a Nostradamus, o médico e profeta que nasceu em Saint-Rémy em 1503.

St-Rémy-de-Provence Nostradamus

Encerramos o passeio pelo centro visitando o Collégiale Saint-Martin, uma imponente igreja do século XIX, facilmente identificável pelas enormes colunas que a sustentam. Lá dentro, além de vitrais e afrescos, você encontrará um gigantesco órgão de 5000 tubos, considerado um dos melhores da Europa.

St-Rémy-de-Provence Collegiale St. Martin
St-Rémy-de-Provence Collegial St. Martin
St-Rémy-de-Provence Collegiale St. Martin

aindo dali, pegamos a D5 e nos dirigimos ao monastério de Saint-Paul de Mausole, onde Vincent Van Gogh viveu de maio de 1889 a maio de 1890. Foi ali que o artista teve alguns de seus momentos de maior inspiração, havendo produzido inúmeras obras nesse período (incluindo a famosíssima “Noite Estrelada”). O mais interessante da visita é enxergar as exatas paisagens retratadas por Van Gogh, podendo inclusive compará-las com as cópias dos quadros que ficam em exposição nos jardins e pátios do monastério.

Saint-Rémy-de-Provence - St-Paul de Mausole
A paisagem que serviu de inspiração
Saint-Rémy-de-Provence - St-Paul de Mausole
O quadro pintado por Van Gogh no local.
Saint-Rémy-de-Provence - St-Paul de Mausole
Réplicas dos quadros de Van Gogh no fundo do campo de lavandas

O local é muito bonito, com um claustro em estilo romanesco dos séculos XI e XII, e muitas flores coloridas, com destaque para um campo de lavandas na parte da trás (supostamente a vista que o artista tinha de seu quarto).

Saint-Rémy-de-Provence - St-Paul de Mausole
Saint-Rémy-de-Provence - St-Paul de Mausole
Saint-Rémy-de-Provence - St-Paul de Mausole

Aliás, é possível visitar também uma reconstrução/réplica do quarto de Van Gogh, cuja intenção é mostrar exatamente como ele viveu durante o ano que passou ali.

Saint-Rémy-de-Provence - St-Paul de Mausole
Quarto de Van Gogh
Saint-Rémy-de-Provence - St-Paul de Mausole
Vista do quarto do artista

O ingresso custa 6€ (2019) e o centro cultural fica aberto sete dias por semana. As informações bem atualizadas estão no site (apenas em francês) do monastério.

Por fim, quase em frente ao Saint-Paul de Mausole, encontram-se dois dos mais bem preservados monumentos romanos da França, chamados de Les Antiques. São eles o Mausoléu dos Julii, que data de 30 a.C, e o Arco do Triunfo, de 20 d.C. É possível chegar até eles a pé – basta atravessar a estrada – e o ingresso é livre (na verdade, eles ficam no meio da rua).

Saint-Rémy-de-Provence Les Antiques
Saint-Rémy-de-Provence Les Antiques

Esses monumentos marcam a entrada da cidade greco-romana de Glanum, destruída em 206 d.C, e cujas escavações podem ser visitadas atualmente (eu não entrei, porque ainda tinha muita coisa para ver nesse dia).

Les Baux-de-Provence

Saindo dos Les Antiques, você já estará no caminho para Les Baux-de-Provence (são só 10 minutinhos de viagem).

Les Baux é uma cidade muito interessante, porque foi construída no topo (e em meio) a um rochedo, de forma que, olhando de fora, mal se consegue distinguir uma coisa da outra.

Les Baux-de-Provence
Viu as ruínas do castelo no meio das rochas? É ali a cidade!

Estacionamos na via de acesso (custou uns 4 €) e seguimos a pé até a entrada do vilarejo. Tem um pouco de subida, mas havia várias excursões de pessoas idosas e todas estavam conseguindo passear por ali.

A cidadezinha em si é um amor!

As ruelinhas com casas de pedra do século XVI perfeitamente preservadas têm algumas das melhores lojas de produtos provençais que encontrei na viagem.  São azeites de oliva, pastinhas salgadas variadas, geleias, doces em calda e cristalizados, biscoitos, cerâmicas e todo o tipo de produto de lavanda que você possa imaginar.

Les Baux-de-Provence
Les Baux-de-Provence
Comprei aqueles vidrinhos maravilhosos ali para colocar azeite de oliva (custava tipo 2€).

Uma das minhas lojas favoritas foi a Autrefois, um empório de especialidades provençais simplesmente maravilhoso, que, aliás, têm dois estabelecimentos separados em Les Baux-de-Provence: um só para itens salgados e outro só para itens doces. É uma perdição!!!

Les Baux-de-Provence
“Azeitonas” de chocolate! Uma das maravilhas da Autrefois!

Bem no alto da cidade ficam as ruínas do Château des Baux, uma fortaleza medieval de onde, nos séculos XI e XII, os lordes de Baux comandavam em torno de 80 vilarejos. É possível visitar o castelo durante todo o ano, mas em épocas de férias e feriados escolares são realizadas demonstrações de uso de utensílios e armas medievais, artesanato e outras atividades da época, tudo apresentado por pessoas vestindo roupas típicas. Clique aqui para informações detalhadas sobre preços e datas em que ocorrem as performances especiais.

Château des Baux
Dá pra ver o pessoal visitando o castelo lá em cima

Resumindo, vale muito a pena visitar essa cidade! Eu, pelo menos, me apaixonei!!!

Les Baux-de-Provence

Arles

De Les Baux-de-Provence dirigimos por 30 minutos até Arles, uma cidade tipicamente provençal que, para muitos, serve como porta de entrada para o Parque Regional Natural da Camargue (sabe aquelas fotos de cavalos brancos correndo soltos em campos cobertos de água? são daqui mesmo). Dessa vez, decidimos não incluir o Parque no nosso roteiro.

Arles é uma cidade relativamente pequena, então foi fácil estacionar o carro bem no centro, onde fica a maioria das atrações turísticas.

Começamos visitando a Église St-Trophime, considerada patrimônio histórico mundial pela UNESCO, especialmente em razão de seu portal do século XII, todo esculpido em estilo romanesco. Lá dentro, surpreendem os corredores laterais do século XI e a nave central, do século XII, com muitos trabalhos antiquíssimos expostos. A visita é gratuita, mas fique atento, pois a igreja fecha entre meio-dia e duas da tarde.

Arles Église Saint-Trophime
Arles Église Saint-Trophime
Olha que tapeçaria antiga!!!

Em frente à St-Trophime fica a grandiosa Place de la République, que abriga o prédio do Hôtel de Ville (prefeitura), do século XVII, um enorme obelisco de mármore turco do século IV e antiquíssima Chapelle Saint-Anne d’Arles.

Arles Place de la République

A cinco minutos de caminhada dali, encontramos uma das principais atrações de Arles: o Anfiteatro Romano, construído em torno de 90 d.C. para 21 mil espectadores, e hoje um dos mais bem preservados monumentos da época.

Arles Arènes

O ingresso para visitar o anfiteatro (chamado também de Arènes) dá direito a conhecer o Théatre Antique, as ruínas de um teatro do final do século I a.C (muito menos bem conservadas).

Arles Théatre Antique

Outra interessante herança romana da cidade são as Termas de Constantino, construídas no século IV. Na época, esses banhos públicos eram parte importantíssima da vida social e incluíam, além das piscinas, uma “academia” e uma biblioteca.

Arles Termas de Constantino
Termas de Constantino

As termas ficam bem próximas ao rio Rhône, então não deixe de ir até lá dar uma espiada nele.

Arles Rhône

Não posso deixar de mencionar que fica em Arles o hospital onde Van Gogh esteve se recuperando após cortar sua orelha. O local, hoje chamado Espace Van Gogh, abriga um pátio florido que foi restaurado para ficar igual àquele pintado pelo artista em Le Jardin de la Maison de Santé.

Van Gogh viveu em Arles entre 1888 e 1889, quando acabou se internando no hospício de Saint-Rémy-de-Provence em razão de sua instabilidade psicológica.

Eu acabei não visitando o Espace Van Gogh porque já tinha ido ao monastério de Saint-Paul de Mausole naquele mesmo dia de manhã (e ficado muito satisfeita com as paisagens e memórias de Van Gogh que vi por lá!).

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