Salento: um pedacinho do Caribe na Itália

Salento: um pedacinho do Caribe na Itália

4 de outubro de 2018 11 Por Passagem Comprada

A região do Salento, localizada ao sul da Puglia, costuma ser comparada ao Caribe em razão da maravilhosa cor do mar (Adriático ou Jônico, dependendo do lado da península) e de suas praias paradisíacas. Apesar de não estar nos roteiros habituais de agências de viagem, o “salto da bota” oferece paisagens deslumbrantes e banhos de mar para nunca mais esquecer!

Roca Vecchia Salento
Uma amostrinha da cor da água na Península Salentina – foto tirada em Roca Vecchia, próxima à Grotta della Poesia

Reservamos dois dias em nossa viagem para conhecer a região, mas, para quem tem tempo e gosta de passar várias horas curtindo a praia, eu sugeriria ficar por um período maior.

Grotta della Poesia

Partimos cedo de Polignano a Mare, nossa primeira base na Puglia, e seguimos durante quase 2 horas pelas estradas mais próximas ao mar (Stradas Provinciales) até Roca Vecchia, para visitar a famosa Grotta della Poesia.

Estacionamos em uma vaga na própria estrada (estava cheio de carros parados por ali) e seguimos os italianos até a “gruta”. A chamada Grotta della Poesia é, na verdade, uma piscina natural lindíssima (uma das 10 mais belas do mundo, conforme a National Geographic), formada entre grandes paredões de rochas, com águas verde esmeralda cristalinas.

Grotta della Poesia Salento
Dá para ver nessa fotos as duas maneiras de entrar na água: saltando ou descendo a escadinha de pedras no paredão do fundo.

A grande diversão dos veranistas é saltar do alto das pedras, tanto para dentro da gruta quanto para a parte externa, de mar aberto. Para os menos aventureiros (mas ainda assim corajosos), há uma escadinha incrustada na rocha, por onde é possível descer para tomar banho na bela piscina natural.

Já aviso que a experiência de descer e subir pela escada é bastante assustadora, pois não há qualquer corrimão separando a pessoa do buraco cheio de pedras lá embaixo. Nem todo mundo no meu grupo teve coragem de descer, mas eu não resisti. Aquela água maravilhosa estava me chamando, então juntei todas as minhas forças e fui! Valeu a pena! O banho foi incrível: água deliciosa e extremamente cristalina!

Grotta della Poesia Roca Vecchia
Olha a cor dessa água!!!

Só algumas dicas:

  • A água dentro da piscina natural é bem funda, então é necessário saber nadar para entrar.
  • É preciso pisar em pedras bem chatinhas para entrar e sair da água. Por isso, não deixe de usar um sapatinho de neoprene.

Torre dell’Orso

Bom, depois de nos refrescarmos e lavarmos a alma na Grotta della Poesia, seguimos viagem por mais 10 minutinhos até a praia de Torre dell’Orso.

Na cidade mesmo é bem difícil de estacionar, então o ideal é já colocar no GPS a Società Parcheggi di Lombardo & C, um enorme estacionamento, super organizado, com sombra e bem em frente à praia.

A Spiaggia di Torre dell’Orso tem uma faixa de areia muito ampla, sendo uma ótima opção para se instalar e relaxar por algumas horas, especialmente porque tem alguns estabelecimentos vendendo bebidas e lanches, além de banheiros e duchas. O mar é um espetáculo à parte, com uma água azul turquesa completamente transparente e com ondas bem fraquinhas. Um verdadeiro paraíso.

Torre dell'Orso Salento

A praia também é famosa pelas formações rochosas que despontam no fundo do mar (chamadas de “faraglioni” em italiano), conhecidas por “Le Due Sorelle” (as duas irmãs). Conta a lenda que duas irmãs, cansadas do calor do verão, foram até as falésias de Torre dell’Orso para se refrescar. Uma delas ficou tão atraída pelo mar que acabou se jogando do penhasco, e a outra, em uma tentativa de salvá-la, pulou atrás. O mar, no entanto, foi mais forte do que elas e nenhuma sobreviveu. Logo em seguida, um pescador passou pelo local e percebeu algo que não estava ali antes: duas grandes rochas, quase idênticas, que se erguiam em meio ao Adriático. Chamou-as de “Le Due Sorelle”, justamente em razão da semelhança que tinham entre si.

Le Due Sorelle - Torre dell'Orso

Torre Sant’Andrea

As cores mais lindas e a paisagem mais deslumbrante do Salento, contudo, encontramos a 5 minutos de distância (de carro), em Torre Sant’Andrea. Estacione no Faro di Torre Sant’Andrea di Missipezza e caminhe em direção aos Faraglioni di Sant’Andrea, um labirinto de rochas altas em meio ao mar. Se quiser, pule na água e nade entre eles. Se não, apenas admire o visual arrebatador do local.

Sant'Andrea - Puglia
Faraglioni di Sant'Andrea - Salento
Faraglioni di Sant'Andrea - Puglia

Otranto

Saindo de Sant’Andrea, dirigimos até Otranto, cidade fortificada, de importância histórica, e ao mesmo tempo com praias maravilhosas! Pelo que pude conhecer da cidade, me pareceu também uma boa base para se hospedar no Salento.

Deixe o carro em um dos estacionamentos do centro histórico e vá explorar sem pressa todas as suas ruelinhas antigas e cheias de lojinhas.

Visite a Catedral da cidade, construída pelos normandos no século II, e se surpreenda com o enorme mosaico do século XII que cobre todo o piso da igreja e representa a “Árvore da Vida”. Também merecem sua atenção o teto super trabalhado com detalhes dourados e a Capela dos Mártires, na nave direita, na qual há um relicário com os ossos de 800 fiéis que tentaram resistir à invasão dos turcos em 1480.

Catedral de Otranto
Mosaico representando a Árvore da Vida que cobre todo o piso da Catedral
Catedral de Otranto

Conheça também, mesmo de fora, o Castello Aragonese, uma fortaleza construída entre 1485 e 1498, em forma pentagonal, circundada por um fosso para proteção. Observe o brasão de Carlos V acima da entrada.

Castelo Aragonese - Otranto

Por fim, não deixe de caminhar pela borda da cidade, em frente ao mar, para ter uma vista espetacular da marina e do Adriático, com seus diversos tons de azul e verde. Se tiver tempo, curta as praias da cidade, com águas cristalinas, calmas e rasinhas.

Otranto
Otranto Salento

Outras praias no Mar Adriático

Para o sul de Otranto, há inúmeras cidades e praias na costa do Mar Adriático, com belas paisagens e águas sempre azuis. Passamos por Porto Badisco, Santa Cesarea Terme (famosa por suas águas termais), Castro e pela Ponte Ciolo (um dos locais favoritos para saltos das rochas) até chegar a Santa Maria di Leuca, bem na pontinha do salto da bota italiana. Lá, é possível ir até o ponto mais ao sul do Salento, onde os Mares Adriático e Jônico se encontram.

Santa Cesaria Terme
Santa Cesaria Terme e a famosa Villa Sticchi (palácio construído no final do século 19 que lembra uma mesquita)
Ponte Ciolo - Salento
Banhista saltando das rochas em frente à Ponte Ciolo (dá para ver a sombra dela na foto)
Santa Maria di Leuca
Santa Maria de Leuca – o ponto mais ao sul do Salento

Partimos de Leuca já bem no fim da tarde e seguimos direto para a nossa segunda base na Puglia: Lecce, bem no centro da Península Salentina. Nesse dia não tivemos tempo de conhecer nada da cidade.

Praias do Mar Jônico

Em nosso segundo dia no Salento, saímos cedo para conhecer a costa do Mar Jônico: dirigimos por toda a litorânea entre Gallipolli e Punta Prosciutto.

Paramos em Santa Maria al Bagno, na Spiaggia di Sant’Isidoro e em Punta Prosciutto (onde ficamos por mais tempo curtindo o mar). Essas praias pareceram mais movimentadas do que as do lado Adriático (talvez por terem mais areia e menos pedras), mas a água do mar é rasa por uma enorme distância em direção ao fundo (sequer passa da cintura), o que faz com que seja possível tomar banho bem longe dos outros veranistas.

Santa Maria al Bagno Salento
Santa Maria al Bagno
Sant'Isidoro - Puglia
Spiaggia di Sant’Isidoro
Punta Prosciutto Salento
Punta Prosciutto – areia completamente lotada de veranistas e vendedores ambulantes, mas no mar o espaço para banho é ótimo

Lecce

Voltamos à Lecce no início da tarde para tentar conhecer um pouquinho da cidade que, apesar de não ficar na beira do mar, tem ótimas opções de comércio, hospedagem (recomendo muito o Risorgimento Resort) e construções históricas, com destaque para as igrejas e palácios construídos ou reformados entre os séculos 17 e 18. Há até mesmo um anfiteatro romano do século II, com capacidade para 15.000 pessoas, bem no meio da cidade (na Piazza Sant’Oronzo, onde fica também a coluna de mesmo nome).

Faltou tempo para passear com mais calma pela cidade.

Chiesa di S. Irene - Lecce
Chiesa di S. Irene em Lecce
Anfiteatro Romano - Lecce
Anfiteatro Romano e Collona di Sant’Oronzo

Devolvemos o carro alugado, dormimos mais uma noite em Lecce e voltamos para Roma de trem (Frecciargento da Trenitalia). Foram 5 horas e meia de viagem.

Salento
Mapa do Salento mostrando os lugares que visitamos

Concluindo: achei o Salento um verdadeiro paraíso e me arrependi de não ter ficado mais tempo por lá. Algumas das praias acabei conhecendo muito na corrida e várias tive que deixar para uma próxima viagem. Por isso, recomendaria reservar pelo menos uns 4 dias para a região (excluídos os dias para conhecer a parte norte da Puglia – Polignano a Mare, Monopoli, Alberobello, Ostuni, Locorotondo, que já falei em outros posts).

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