Lago Maggiore: o que fazer em um dia
Localizado bem pertinho de Milão, o Lago Maggiore garante um belo passeio de um dia para quem quer conhecer uma parte da Itália que não costuma aparecer nos roteiros mais comuns dos turistas brasileiros.
Apesar de seu nome, o Lago Maggiore é apenas o segundo maior do país, perdendo para o Lago di Garda nessa disputa. Com 212 km², sua superfície estende-se pelas regiões italianas da Lombardia e do Piemonte, além de cruzar a fronteira com a Suíça e banhar cidades como Ascona e Locarno.
Quais cidades escolher para visitar o Lago Maggiore?
Para quem visita o lago na Itália, a cidade mais procurada para dar início aos passeios é Stresa, que tem conexão direta de trem com a estação central de Milão em uma viagem de aproximadamente 1h10min.
Mas se você estiver de carro, pode optar por outros locais, especialmente se pretender passar pelo menos uma noite às margens do Lago Maggiore.
Eu escolhi dormir na cidade de Baveno, que fica a apenas 7 minutos de Stresa, pois a oferta de hotéis por lá estava mais adequada ao meu bolso.
Stresa até tem algumas opções mais em conta, mas elas esgotam rápido na primavera e no verão, e acabam sobrando apenas os “hotéis-palácio” do final do século XIX e início do século XX – que, aliás, trazem grande pompa e beleza à cidade.
Um pouquinho de história
Quero aproveitar esse momento para fazer um rápido panorama histórico da região, porque senti muita falta disso ao chegar lá e encontrar tantas construções antigas, em estilo Art Nouveau.
Até o início do século XIX, havia pouquíssimas opções de hospedagem no Lago Maggiore, todas localizadas nas Ilhas Borromeu. Foi apenas com a inauguração da Regia Strada del Sempione, construída a mando de Napoleão Bonaparte, que a região tornou-se acessível aos turistas estrangeiros. Essa incrível estrada panorâmica, aberta em 1805, ligava as cidades de Brig, na Suíça, e Domodossola, na Itália.
Aliás, foi por essa estrada, hoje moderna, totalmente asfaltada e cheia de túneis de última geração, conhecida por Passo del Sempione, que eu viajei de carro entre Itália e Suíça!
A construção da estrada trouxe muito mais facilidade de acesso à região, de forma que o interesse turístico no Lago Maggiore foi aumentando e os primeiros hotéis de luxo foram construídos (o Grand Hotel des Iles Borromées, por exemplo, abriu em 1863).
Muitos nomes ilustres visitavam as margens do Lago Maggiore ao longo do século XIX, o que levou também à construção das belíssimas “villas” que vemos por lá. Lord Byron, Chateaubriand, Dumas, Balzac, Charles Dickens e até mesmo a Rainha Vitória escolheram a região para passar suas férias.
A abertura do Traforo Ferroviario del Sempione (Túnel Ferroviário do Simplon) em 1906 e a chegada do Expresso do Oriente à estação de Stresa colocaram a cidade definitivamente no mapa do turismo de elite na Europa, tornando-a a localidade de maior prestígio do Lago Maggiore.
E é por isso que há tanta influência da Belle Époque nos hotéis e palacetes que observamos ao circular pelos arredores de Stresa!
Bom, mas agora vamos ao que interessa.
O que fazer em um dia no Lago Maggiore?
O principal passeio para quem visita o Lago Maggiore é conhecer as Ilhas Borromeu, que atraem os turistas em razão de sua beleza paisagística e de sua história, que remonta ao século XVI.
– Ilhas Borromeu
Há três ilhas para visitar: a Isola Madre, a Isola Bella e a Isola Superiore (ou Isola dei Pescatori). As duas primeiras são propriedade da família Borromeo há centenas de anos, e é por isso que o arquipélago recebeu esse nome.
Importante: as Ilhas Borromeu não abrem no inverno, então os passeios só ocorrem entre o fim de março e o fim de outubro. Antes de programar a sua viagem, sempre verifique no site oficial as datas exatas.
O passeio pode ser feito em barcos de linha ou em embarcações de empresas que oferecem o esquema hop-on hop-off. Basta chegar nos embarcadouros na beira do lago em Stresa ou Baveno e comprar o seu bilhete. Não é necessário reservar.
Você pode escolher especificamente quais ilhas do Lago Maggiore quer visitar ou pode comprar o passe que dá direito a descer em todas elas. Esse último custa em torno de € 15 pelo dia todo.
Fora isso, você terá que pagar ingresso para entrar nas ilhas Madre e Bella. O valor do pacote para visitar as duas é € 28, o que é bem mais barato do que a entrada de cada uma individualmente (a Isola Bella custa € 20 e a Isola Madre € 17).
Existem outras atrações nos entornos do Lago Maggiore que são também propriedade da família Borromeu e que você pode colocar nesses combos de ingresso caso tenha mais tempo na região, como é o caso da Rocca di Angera e do Parco Pallavicino. Todos as opções e valores estão nesse site aqui.
Bom, a primeira parada dos barcos costuma ser na Isola Madre, após uma viagem bem rápida de uns 15 minutinhos. Essa ilha é a maior do arquipélago, com 8 hectares de extensão, e sua principal atração é passear no enorme jardim botânico cultivado por anos e anos pela família Borromeo.
Há inúmeras espécies de plantas, flores e árvores frutíferas, além de recantos muito bonitos com vista para o Lago Maggiore.
O que mais me chamou a atenção no passeio foram as aves majestosas que andam soltas pela ilha. Eu nem sei o nome da maioria delas, mas tenho certeza que cruzei com faisões e pavões brancos e coloridos. É uma visão e tanto quando um pavão branco abre suas plumas!
Adorei ver pavões subindo em árvores, chocando seus ovinhos e desfilando com vários filhotinhos ao seu redor.
Na ilha fica também um palacete habitado pela família Borromeo entre os séculos XVIII e XIX. O local foi transformado em hotel no início do século XX e depois passou a ser alugado para hóspedes selecionados.
Desde 1978 a casa é aberta aos visitantes, que podem admirar a mobília do século XVII (trazida de outra propriedade da família, o Palazzo Arese Borromeu, em Cesano Maderno), o impressionante salão veneziano e uma das maiores e mais bem conservadas coleções de marionetes do mundo.
Em frente ao palazzo, chama atenção o enorme Cipreste de Caxemira, uma árvore majestosa, que parece uma verdadeira cascata de folhas e galhos. Ele foi trazido ao local em 1863 e hoje é o símbolo da Isola Madre.
Outro local de grande beleza na ilha é o Piazzale della Cappella, onde uma fonte cercada de flores abriga inúmeros nenúfares tropicais. Se você olhar com atenção, provavelmente encontrará algum sapinho acomodado sobre as plantas flutuantes.
Por ali, é possível fazer um lanche ou tomar um café com vista para o Lago Maggiore, no pequeno bar/loja de souvenir da ilha.
O passeio pela Isola Madre dura no mínimo uma hora, mas isso para quem não tira centenas de fotos como eu. Calcule umas duas horas se quiser aproveitar a paisagem com bastante calma.
Eu infelizmente tive que encerrar meu passeio só com essa primeira ilha, pois o tempo estava fechando e a tarde prometia chuva. Como a maior parte das atividades nas Ilhas Borromeu é ao ar livre, não quis gastar meu preciosos Euros com o bilhete de circulação ilimitada pelo Lago Maggiore e nem com a entrada na Isola Bella.
Mas enfim, vou resumir aqui também o que tem para ver nas demais ilhas e depois conto meu passeio da tarde.
A próxima parada do barco é a Isola dei Pescatori, a única que não pertence à família Borromeo. Essa ilha conta com um pequeno número de habitantes, então tem mais cara de “realidade” do que as demais.
Lá você vai encontrar algumas lojinhas e restaurantes, que são consideradas as melhores opções para almoçar durante o tour das 3 ilhas.
Por fim, o barco segue para a Isola Bella, onde fica o luxuoso Palazzo Borromeu, cuja construção iniciou em 1632. Dizem que este palácio é mais interessante do que o da Isola Madre, por contar com salões suntuosos e obras de arte variadas. Também se destaca o famoso jardim à italiana, que tem ao centro o chamado Teatro Massimo, composto de 10 terraços sobrepostos formando uma pirâmide de estátuas e fontes.
Há também uma pequena área com lojinhas e bares que pode ser visitada sem pagar o ingresso à Isola Bella.
– Stresa
De volta à terra firme, sugiro um passeio pela cidade de Stresa, em especial pelas ruelinhas simpáticas ao redor da Piazza Luigi Cadorna. Ali você pode tomar um aperitivo, comprar lembrancinhas, comer um sorvete ou apenas aproveitar a típica “passeggiata” italiana.
Outra atividade muito agradável é caminhar pela beira do Lago Maggiore, onde há um parque cheio de flores com vista para as Ilhas Borromeu.
Andando por ali, você vai poder observar alguns dos hotéis luxuosos sobre os quais eu falei no início do post e poderá até pegar uma praia no lago se não tiver medo da água gelada!
Na cidade de Stresa também fica o Parco Pallavicino, um enorme jardim na beira do Lago Maggiore que abriga mais de 50 espécies de animais. Esse parque/zoológico também pertence à família Borromeo e é possível comprar ingressos combinados com as ilhas.
– Baveno
Caso tenha tempo sobrando, ou esteja hospedado por lá, não deixe de conhecer a cidade de Baveno, logo ao lado, que também tem um calçadão bem agradável na beira do Lago Maggiore, com alguns bares e restaurantes.
Achei um amor o vilarejo e adorei me hospedar lá!
Fiquei encantada especialmente com o complexo da Igreja dos Santos Gervaso e Protásio, construída no século XII em estilo arquitetônico românico. Além da belíssima igreja com afrescos do século XV, há também o Batistério de San Giovanni, que data provavelmente do século V, e a impressionante Via Crucis, um pórtico com colunas de granito alaranjadas e afrescos do pintor Giovanni Avondo.
O lugar é lindo tanto de dia quanto à noite, quando fica todo iluminado.
Acho que um dos pontos que mais me agradou em ficar hospedada em Baveno foi a experiência de caminhar tranquilamente à noite pela cidade e poder curtir e explorar toda essa área da igreja, sem perigo nenhum. Coisas básicas que quem vive no Brasil ainda se surpreende quando viaja!
Conclusão
Concluindo, um passeio de um dia no Lago Maggiore é uma excelente opção para quem está em Milão e também para quem vai viajar entre Itália e Suíça de carro e busca um local para fazer uma escala.
No meu roteiro, cheguei de avião em Milão no fim da tarde e fui direto de carro dormir em Baveno. Passeei pelo Lago Maggiore no dia seguinte, dormi mais uma noite e saí cedinho no próximo dia em direção a Zermatt, na Suíça. Até poderia ter dormido uma noite a menos e viajado à noite, mas: (a) a hospedagem na Suíça era mais cara e (b) eu queria passar pelo Passo del Sempione (Simplon Pass) à luz do dia para curtir a paisagem!
Então é isso! Se ficou alguma dúvida ou quiser contar a sua experiência na região para a gente, escreve aqui embaixo nos comentários!
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Minha viagem, será de 1º a 15 outubro de 2024. Pretendo fazer o seguinte trajeto.
Chegar no aeroporto de Milão MXP, pegar um carro, subir em direção a COMO, conhecer algumas cidades entorno do lago, depois partir para Lugano.
De Lugando, irei em direção do Lago de Garda, depois Veneza, Florença, descer passando por Montepulciano, chegando a Roma.
Na volta, subir em direção a Pisa, pelo litoral, e retornar a Milão, passando por Parma.
Passar um dia em Milão, e voltar ao Brasil no dia seguinte a noite.
Peço a sua opinião e algumas dicas de hospedagens.
Obrigado
Olá!
Pelo que vejo, você vai fazer um roteiro bem completo pela Itália!
Certifique-se de deixar tempo suficiente para conhecer as cidades maiores, se for sua primeira vez. Pelo menos 2 dias inteiros em Florença e uns 3 em Roma (sabendo que mesmo assim não vai conseguir ver tudo).
Eu adoro viajar de carro, então acho um roteiro maravilhoso!
Se tiver tempo, pense na possibilidade de andar um pouco pelas estradas regionais quando estiver na Toscana, para ter um gostinho das paisagens rurais tão lindas (se você confiar só no GPS, vai ficar em autoestradas o tempo todo).
Quanto a hospedagens, acho muito difícil indicar, porque cada viajante tem um estilo e um tipo de orçamento. Minha dica é tomar cuidado com o preço dos estacionamentos dos hotéis (tentar achar algum gratuito) e evitar se hospedar em regiões de tráfego restrito (geralmente o centro histórico das cidades), porque fica bem mais difícil para chegar de carro com as bagagens.
Uma ótima viagem!
Olá! Adorei sua reportagem sobre Stresa e lago Maggiore. Queria um conselho. Vou para Milão de 2 a 8 de junho. Para conhecer Stresa, as ilhas e fazer o passeio de funivia,vc acha que devo me hospedar uma noite em Stresa?
Muito obrigada pelo seu rico artigo!!!!
Um abraço
Viviane Baccarini
Oi, Viviane! Muito obrigada pelo comentário!
Primeiramente, a funivia de Stresa está fechada desde que ocorreu um grave acidente em 2021. Então esse programa você já pode desconsiderar.
Para passear pelas ilhas e conhecer a cidadezinha de Stresa, eu considero que um dia é suficiente. Como o trem de Milão a Stresa demora apenas 1 hora e pouco, se você sair bem cedo, poderá fazer tudo tranquilamente e retornar para Milão no final do dia. Agora, se a sua ideia é conhecer outras cidades vizinhas, o Parco Pallavicino e a Rocca di Angera, é melhor dormir uma noite por lá.
Espero ter ajudado e qualquer dúvida fico à disposição!
Muito obrigada Marina. Até lembrei deste acidente depois. Muito triste.
Te agradeço demais pela atenção e pelo artigo maravilhoso com riqueza de detalhes. Me animei muito depois que o li. Estava meio sem opção de passeios interessantes e fáceis. Preciso das duas coisas, pq não quero fazer passeios cansativos. Um grande abraço!