O que fazer em Bolonha em um dia
Quem nunca comeu uma deliciosa massa à bolonhesa temperada com queijo parmesão? E um belo sanduíche de mortadela? Esses são apenas os exemplos mais simples da enorme contribuição que Bolonha trouxe à gastronomia mundial e algumas das pequenas razões para você visitar essa cidade tão rica em cultura e história. Mas não se preocupe, porque tem muito mais o que fazer em Bolonha além de comer!
É muito fácil encaixar Bolonha no seu roteiro pela Itália! De trem, ela está no caminho entre as principais cidades turísticas, como Milão e Florença, ou Roma e Veneza.
A cidade fica a uma hora de Florença, duas de Milão, três de Roma e uma hora e meia de Veneza.
Em um dia por lá, você já consegue conhecer o centro histórico e experimentar algumas das iguarias que fazem Bolonha ser conhecida como “La Grassa” (a gorda).
A cidade é a capital da Emilia-Romagna, província onde também se localizam Parma e Modena, berços do famoso prosciutto e do aceto balsamico. Nas fazendas da Emilia-Romagna é produzido, ainda, o autêntico queijo parmigiano reggiano, que pode ser degustado em visitas às fábricas ou em qualquer restaurante e salumeria da região.
Apesar de nem todas essas iguarias serem produzidas em Bolonha, é claro que a capital da província e principal centro gastronômico da Itália oferece muitas oportunidades de experimentar e comprar todas essas delícias.
Roteiro de um dia em Bolonha
Presumindo que você chegue à cidade de trem, vou trazer aqui uma sugestão de roteiro partindo da estação Bologna Centrale.
– Via dell’Indipendenza
Faça o trajeto em direção ao centro histórico pela Via dell’Indipendenza, que começa ao lado do Parco della Montagnola. Você verá a Scala della Montagnola (que leva ao parque) e a Fontana della Ninfa, construídas em 1896.
A Via dell’Indipendenza é a principal rua comercial, com todas as lojas mais famosas da Itália.
Assim como em boas parte das ruas de Bolonha, suas calçadas são protegidas por pórticos que garantem um belo alívio nos dias muitos quentes ou chuvosos. Aliás, essa é uma das principais características da cidade, que conta com 40km de pórticos cobrindo suas ruas.
Aproveite para apreciar as típicas construções de Bolonha, com seus prédios em cores ocre, que deram o segundo apelido da cidade: “La Rossa” (a vermelha).
– Onde comer em Bolonha: Ristorante Donatello
Quando chegar na Via Augusto Righi, faça um pequeno desvio.
Ali você vai encontrar um dos mais tradicionais restaurantes da cidade, o Donatello, que funciona desde 1903 e já recebeu as mais ilustres personalidades italianas e internacionais. A decoração é clássica, com fotos das celebridades que frequentaram o restaurante, e os pratos são típicos da culinária bolonhesa.
Eu cheguei na cidade na hora do almoço, então já aproveitei para conhecer um pouco da gastronomia local.
Como couvert, foram servidos pedacinhos de parmigiano reggiano e da clássica mortadela de Bolonha, muito mais suave e clarinha do que aquela que conhecemos por aqui. Para o almoço, eu escolhi o famoso tagliatelle al ragù (nossa massa à bolonhesa), que estava divino!
Apesar da fama, os preços do Ristorante Donatello eram normais, bem parecidos com os dos demais restaurantes da cidade.
– Pequena Veneza
Saindo dali, pegue a direita na Via Piella para ser surpreendido por um dos grandes segredos de Bolonha: os canais! O sistema de canalização da cidade foi criado no século XII com a finalidade de levar água para todos os cantos da cidade e movimentar os moinhos utilizados na indústria, mas ao longo do tempo a grande maioria foi coberta por ruas. Debaixo da terra, no entanto, correm ainda mais de 60km de canais por Bolonha!
Na Via Piella, é possível observar um desses canais, mais especificamente o Canal do Reno, que escapou às coberturas realizadas entre 1930 e 1950 e passa espremidinho entre prédios avermelhados.
Esse pedaço de canal serviu de fosso de defesa ao segundo cinturão de muralhas da cidade, mas também foi uma enorme lavanderia, com pontes levadiças que permitiam às pessoas lavar as roupas no canal sem se molhar.
A visão é linda e fez o local ficar conhecido como Pequena Veneza.
De um lado da rua, o canal aparece imediatamente entre os prédios, mas do outro é preciso espiar por uma janelinha muito pitoresca para enxergá-lo.
Li que é comum ter filas enormes para chegar nessa janela, mas quando visitei só tinha uma pessoa na frente.
Se você gosta de olhar vitrines (ou de fazer compras) sugiro que retorne agora para a Via dell’Indipendenza para prosseguir seu caminho até o centro histórico.
– Cattedrale Metropolitana di San Pietro
Em pouco tempo, avistará a Cattedrale Metropolitana di San Pietro, principal local de culto da cidade, com sua típica fachada barroca em tons de terracota. A aparência atual da catedral data de 1605, embora os primeiros registros de uma igreja no local sejam do século X.
Sinta-se à vontade para visitar o interior da igreja e aproveitar o fresquinho proporcionado pelas grossas paredes, caso esteja turistando durante o calor do verão (no dia da minha visita fazia 38°C, então posso lhe garantir que eu curti muito esse momento). A entrada é gratuita.
– Piazza Maggiore e seus palazzos
Sua próxima parada será a Piazza del Netuno, que logo emenda na Piazza Maggiore, ambas cercadas por prédios históricos em tons ocre.
À direita, fica o Palazzo d’Accursio (ou Palazzo Comunale), que já funcionou como sede do governo de Bolonha, mas hoje abriga um centro cultural.
Se tiver um tempinho, entre na Biblioteca Salaborsa para ver se não está ocorrendo nenhum evento interessante. O espaço é muito bonito, com o teto todo trabalhado e diversas áreas envidraçadas no chão, por onde é possível observar escavações arqueológicas desde a época dos romanos.
Do lado esquerdo da Piazza del Netuno, chama a atenção o Palazzo Re Enzo, construído em 1245 com a finalidade de abrigar escritórios governamentais. Ele recebeu esse nome pois serviu de prisão para o Rei Enzo da Sardegna, filho de Frederico II, por 23 anos. Hoje em dia recebe congressos, convenções, exposições e outros eventos.
Ao centro da praça, está a Fontana di Netuno, esculpida em 1563 por Giambologna em estilo barroco.
Em seguida você estará em plena Piazza Maggiore, o coração do centro histórico da cidade.
Ali vai observar o Palazzo della Podestà, construído no século XIII para abrigar a sede do governo. Na Torre dell’Arengo, acima do Palazzo, fica o maior sino da cidade, que era usado para alertar a população em caso de emergência.
– Basilica di San Petronio
O principal monumento da Piazza Maggiore, e talvez o mais famoso de Bolonha, é a enorme Basilica di San Petronio, um dos maiores templos católicos do mundo. Ela conta com 22 capelas e tem capacidade para mais de 20 mil pessoas em seus 132 metros de comprimento, 60 de largura e 45 de altura.
Sua construção iniciou-se em 1390, com projeto de Antonio di Vicenzo, mas este morreu logo após o início das obras. Ao longo dos séculos ocorreram inúmeras mudanças nos planos arquitetônicos para a igreja, o que deixou ela com uma cara bem estranha.
Sua fachada parece cortada ao meio: enquanto a parte superior é toda de tijolinhos marrons, a inferior é feita de mármore branco e rosa.
Lá dentro, obras de artistas como Francesco Francia, Lorenzo Costa, Parmigianino e Donato Credi podem ser observadas nas capelas.
O ingresso na basílica é gratuito, sendo cobrados apenas €5,00 para acesso ao terraço panorâmico.
– Palazzo dell’Archiginnasio
Do outro lado da San Petronio fica o Palazzo dell’Archiginnasio, onde funcionou a Universidade de Bologna, considerada a mais antiga do ocidente (fundada em 1088). Aliás, ter a primeira universidade da Europa foi o que rendeu à cidade seu terceiro e último apelido: “La Dotta” (A Erudita).
Hoje em dia, o local abriga uma enorme biblioteca e o Teatro Anatômico, espécie de anfiteatro todo em madeira construído em 1637 para receber as aulas de anatomia da faculdade de medicina. Também é possível visitar o pátio do Palazzo, cercado de pórticos muito decorados com afrescos e esculturas comemorativas.
– Quadrilátero de Bolonha
Agora chegou a hora de explorar o Quadrilátero de Bolonha, região onde ficava o mercado medieval e onde atuavam ourives, artesãos, açougueiros e feirantes. Ainda hoje, toda a área delimitada pela Via Rizzoli, Via dell’Archiginnasio, Via Farini e Via Castiglione é repleta de pequenos comércios passados de geração a geração, que vendem todos os tipos de produtos.
O que mais chama a atenção dos turistas são as bancas de frutas, legumes, flores e peixes expostas nas calçadas, e as salumerias, onde se pode comprar os melhores presuntos de Parma, mortadelas e parmigianos reggianos do planeta (1kg de parmigiano varia de €20 a €30, conforme o tempo de maturação).
Os donos dessas lojas fazem embalagem à vácuo dos queijos se você quiser trazer para o Brasil!
Talvez a ruelinha mais típica de todo o quadrilátero seja a “Via Pescherie Vecchie”, que fica logo em frente à Piazza Maggiore. Definitivamente foi a parte que eu mais gostei do passeio! Tive vontade de me mudar para Bolonha só para conseguir provar todas as iguarias que encontrei por ali.
Ainda andando por essa região dos antigos mercados, você passará pela Piazza della Mercanzia, um local que marca o cruzamento de algumas das principais ruas comerciais da época medieval. Uma curiosidade dessa praça é que ela tem ao seu redor todos os tipos possíveis de pórticos, desde os mais antigos, feitos de madeira, até aqueles feitos de tijolinhos.
Bem em seu centro fica o Palazzo della Mercanzia, construído em 1391 em estilo gótico. Desde sua inauguração é o local de onde se governam as atividades comerciais, de manufatura, agricultura e artesanato.
– As torres de Bolonha
E para terminar a nossa lista de coisas imperdíveis para ver em Bolonha, não posso deixar de mencionar as duas torres símbolos da cidade: Torre Garisenda (mais inclinada que a Torre de Pisa!) e Torre Asinelli (aberta para visitação). Essa última foi construída entre 1109 e 1119 e conta com 97m de altura, o que garante uma bela vista para quem quiser se aventurar por seus 496 degraus.
Na Idade Média, Bolonha chegou a ter 200 torres, todas construídas por famílias nobres para demonstrar o seu poderio. Infelizmente, após terremotos, tempestades e guerras, apenas 20 mantiveram-se de pé.
Os ingressos para subir na Torre Asinelli são vendidos no Centro de Informações Turísticas que fica na Piazza Maggiore e custam €5.
Todo esse roteiro por Bolonha pode ser feito a pé e em um único dia, se você não tiver mais tempo na cidade.
Outras atrações que ficam um pouco mais longe são o Santuário de São Luca, localizado no topo de uma colina, a 4km de pórticos (e 666 arcos) do centro da cidade, e o FICO Eataly, maior parque gastronômico do mundo, onde é possível conhecer toda a produção de alguns dos produtos típicos da região e depois provar de tudo um pouco em algum dos restaurantes do complexo.
Infelizmente, o FICO só funciona de quinta a domingo, então não estava aberto no dia em que fui lá.
Enfim, gostei muito de Bolonha e acho uma cidade deliciosa e encantadora para encaixar em qualquer roteiro pela Itália!
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