Cataratas Argentinas e Puerto Iguazú: passeio de um dia
Muita gente que vai a Foz do Iguaçu limita-se a conhecer o lado brasileiro das cataratas, seja por não saber sobre o passeio argentino, seja por achar que é tudo igual. Mas a verdade é que, se você tiver tempo na sua viagem, vale muito a pena visitar o Parque Nacional Iguazú para conhecer as cataratas argentinas!
Nesse post, eu conto todos os detalhes do passeio e também mostro o que mais você consegue fazer na Argentina no dia em que for nas Cataratas do Iguaçu.
Por que visitar o lado argentino das Cataratas?
O Parque Nacional Iguazú traz uma experiência muito diferente do parque brasileiro, de forma que você definitivamente não vai “ver duas vezes a mesma coisa”. O principal exemplo disso, e o mais fácil de ilustrar, é a famosa queda da Garganta do Diabo, que a gente olha de cima na Argentina e de baixo no Brasil.
O parque das cataratas argentinas cobre uma área de 67.620 hectares e lá você vai encontrar 6 opções de trilhas para fazer, o que pode levar dois dias! Mas não se preocupe, pois as trilhas e mirantes principais podem ser todos acessados em um dia só.
Como chegar nas cataratas argentinas?
O Parque Nacional Iguazú fica na cidade de Puerto Iguazú, província de Misiones, na Argentina, a apenas 18 km da Ponte Tancredo Neves (que divide os dois países).
Quem vem de Foz do Iguaçu pode fazer o trajeto de ônibus (com baldeação no centro de Puerto Iguazú), táxi, transfer ou carro. Lembrando que para andar de carro no país hermano é necessário ter o seguro Carta Verde (você pode fazer na estrada no caminho para a Argentina) e autorização da locadora de veículos para cruzar fronteiras (pouquíssimas empresas autorizam, por isso utilizei os serviços da Iguassu Rent a Car, cujo carro já vem inclusive com a Carta Verde).
Independentemente do meio de transporte, é necessário apresentar documento de identidade (em bom estado de conservação e com menos de 10 anos da emissão) ou passaporte na Aduana Argentina, o que pode tomar um bom tempo em épocas de muito movimento, principalmente para quem vai de carro (tanto na ida quanto na volta).
Na ocasião em que fui, ônibus, táxis e vans de turismo estavam passando por uma fila especial na aduana, muito mais rápida (fica a dica).
Como eu estava de carro, me preparei para uma espera terrível, pois estavam ameaçando uma greve naquele final de semana. Além disso, era quinta-feira antes da Páscoa e o movimento de Uruguaios era bem alto, pois eles têm férias durante toda a Semana Santa.
Chegamos na fila às 7h50 e, apesar de grande, ela andou consistentemente. Saímos de lá 8h20 faceiros da vida!
Andamos por uns 10 minutos e qual não foi nossa surpresa quando surgiu um congestionamento inesperado justamente na única estrada que levava até as cataratas argentinas! Tudo parado, sem explicação!
O tempo foi passando, pessoas começaram a descer dos carros, caminharam pela estrada e voltaram com a informação: uma manifestação de professores fechara a rodovia e não havia qualquer previsão de reabertura!
Que tristeza! Depois de três dias chuvosos, me acontece isso justamente no último dia da viagem e o único de sol firme… Mas paciência… Eu não iria desistir! Enquanto muitas pessoas deram meia volta ou desceram dos carros e ônibus e seguiram a pé (inclusive com malas, pois aquela é também a única estrada para o aeroporto), eu fiquei ali só torcendo por algum milagre, porque não podia simplesmente abandonar meu carro alugado na estrada né?
Por sorte, após quase duas horas, avisaram que a estrada seria aberta durante 30 minutos às 10h, e foi assim que conseguimos chegar no Parque Nacional Iguazú, com atraso, mas muito felizes!!!
Lá no parque, há um estacionamento bem grande, no valor de 240 pesos argentinos, o que dá uns R$ 10,00 (abril/2022).
Como comprar ingressos?
Os ingressos para visitar as cataratas argentinas devem ser comprados pela internet, no site oficial, com dia e hora marcados para a visita. O Parque Nacional Iguazú funciona todos os dias do ano, das 8h às 18h.
Os ingressos custam 4675 pesos (em torno de R$ 140,00) para visitantes em geral, 1700 pesos (em torno de R$ 52,00) para crianças de 6 a 16 anos e 1275 pesos (R$ 38,00) para residentes da Argentina. Lembrando que a compra será feita com cartão de crédito, então acrescente a isso o valor do IOF (e não esqueça de liberar seu cartão para uso no exterior antes de finalizar a compra pelo site).
Ah, e no final do primeiro dia da sua visita às cataratas argentinas é possível revalidar o bilhete para obter um desconto de 50% pelo segundo dia consecutivo.
Como é o passeio?
Ao chegar no parque, passe na bilheteria com documentos de identidade de todos os visitantes para pegar os ingressos (nesse momento, paga-se também o estacionamento).
No dia que fui, apesar do forte movimento, a fila estava bem tranquila e ninguém cobrou a observância do horário previsto na reserva (lembrando que me atrasei duas horas em razão da paralisação na estrada).
Pouco depois da entrada, há banheiros, cafeteria da Havanna, lanchonete e lojinha.
Há também um balcão onde são distribuídos bilhetes de trem com hora e lugar marcado para levar os visitantes diretamente até a Garganta do Diabo (que, querendo ou não, é a principal atração do parque). Esse transporte está incluído no valor do ingresso.
Chegamos nesse ponto às 11hrs e nos deram bilhete para as 11h30 (os trens partem a cada 30 minutos). Esperamos sentadas em mesinhas na rua comendo empanadas muito gostosas (600 pesos por 3 empanadas, ou uma por 250).
Pouco antes das 11h30, um funcionário chamou os passageiros para embarque conforme seus vagões, e a partida no Trem Ecológico da Selva ocorreu logo em seguida, com a maior tranquilidade.
Após um passeio muito agradável em meio à mata, chegamos à estação Garganta do Diabo, onde iniciamos uma caminhada de 2.2km (ida e volta) até a enorme queda d’água.
A trilha é totalmente acessível, feita sobre passarelas que cruzam as águas e ilhotas do Rio Iguazú, garantindo uma paisagem muito bonita, cheia de corredeiras e mata nativa.
Uma das grandes atrações do caminho é a gralha-picaça, ave que está sempre pousada perto dos visitantes para tentar ganhar algum petisco.
Vimos também um tucano maravilhoso, que passou voando perto da gente e depois pousou em uma árvore sobre o rio. Fiquei muito animada, pois em razão da chuva forte não tinha conseguido ver essa espécie no dia que fui ao Parque das Aves.
Ao nos aproximarmos da Garganta do Diabo já fomos ficando chocadas. A água estava parecendo um liquidificador!
Entramos no mirante e, após um pouco de luta para conseguir chegar até a borda, ficamos extasiadas!
A visão lá é impressionante. Muita água, muita força!
A Garganta do Diabo tem uma queda de mais de 82 metros de altura (como um edifício de 30 andares), com uma vazão média de 1.800 metros cúbicos por segundo (o suficiente para encher 36 piscinas olímpicas em apenas 1 minuto!).
No dia da minha visita, após duas semanas chuvosas, essa vazão estava 70% mais alta, então você pode imaginar a sensação surreal que eu tive né!
A gente fica suspenso sobre a garganta, como se pudesse cair pela catarata a qualquer momento!
As fotos não conseguem dar a real dimensão do volume de água, que chega até a dar uma tonturinha com o seu movimento constante.
Ficamos um bom tempo ali, porque eu não queria virar as costas para tanta beleza.
Lá no mirante tem um fotógrafo do parque e, se você quiser, pode pedir para ele tirar fotos suas que poderão ser compradas na saída.
É legal ter um pau de selfie para tirar fotos das cataratas argentinas bem do alto, que nem o fotógrafo faz.
Satisfeitas com a experiência, voltamos para a estação de trem, pois às 13h30 tínhamos bilhete marcado para o retorno (esse horário não foi conferido quando embarcamos).
Ficamos exatamente duas horas nessa estação.
Nossa próxima parada foi a Estação Cataratas, de onde saem as trilhas do Circuito Superior e Inferior.
Antes de mais uma caminhada, sentamos um pouco nas diversas mesas disponíveis para um almoço rápido. Escolhemos comer panchos argentinos, mas havia também hambúrgueres e outros petiscos (além das mesmas empanadas da estação Central).
De barriga cheia, partimos para o Circuito Superior, uma trilha de 1750m (ida e volta), também totalmente acessível para cadeiras de rodas.
Nesse trajeto, caminhamos sobre as quedas de diversas cachoeiras, como Bossetti, Duas Irmãs, Chico Alférez, Adão e Eva e Mbiguá.
Mas o grande destaque do passeio é a paisagem que avisamos à nossa frente, formada pela Ilha San Martín de um lado e pelas muitas e muitas quedas do Salto San Martín do outro.
Fica até difícil seguir o percurso com tantos ângulos maravilhosos para se fotografar.
E o melhor: arco-íris enormes, com as cores mais vivas que já vi na vida! Algo de outro mundo!!!
Confesso que ao fim desse circuito já estávamos bem cansadas, mas não desistimos tão fácil assim, então seguimos diretamente para o Circuito Inferior, que tem 1700m.
Essa é a trilha mais “difícil”, digamos assim, pois tem um pouco de inclinação e escadas em alguns locais (de acordo com o parque, ela é 70% acessível).
Normalmente, esse percurso passaria na frente de uma parte das cataratas argentinas, mas as passarelas estavam danificadas na época da minha visita, então só pude ter acesso a um mirante mais alto.
A vista era bonita, mas eu gostei mais das paisagens do Circuito Superior.
De qualquer forma, adorei ter feito o Circuito Inferior, pois foi ali que encontrei um grupo bem grande macacos-pregos.
Eles estavam pulando enlouquecidos bem em frente ao Antigo Hotel das Cataratas!
No fim da trilha, em torno de 16h30, fizemos uma pequena pausa para sentar e tomar uma bebida em uma área de descanso localizada no próprio Circuito Inferior, onde havia uma lanchonete, lojinha e banheiros.
De volta à Estação Cataratas, tentamos pegar o trem de retorno à entrada do parque, mas estava muito cheio, então optamos por caminhar até lá pelo Sendero Verde em vez de esperar mais 30 minutos.
São só 600m de percurso em meio à mata, que se completa em menos de 15 minutos.
Fora esse roteiro que eu fiz, ainda há outras atividades no parque, como o Sendero Macuco – uma trilha de 7km ida e volta, que leva à cachoeira Salto Arrachea – e o Gran Aventura – um passeio de bote cheio de adrenalina que conduz os visitantes aos pés das cataratas argentinas. Se você chegar bem cedo no Parque Nacional Iguazú (na hora que abre), consegue fazer o meu programa e mais o Gran Aventura!
Para o Sendero Macuco é melhor voltar no dia seguinte com 50% de desconto no ingresso, pois a trilha, apesar de plana e sem maiores dificuldades, leva em torno de 3 horas (fora o tempo de tomar banho na cachoeira!).
Puerto Iguazú
Após um dia muito bem aproveitado admirando as belezas das cataratas argentinas, saímos do parque e fomos para o centro de Puerto Iguazú (25 minutos de carro).
Naquele horário, às 17 horas, foi bem fácil de estacionar na rua.
Primeiro, visitamos a Feirinha, um aglomerado de banquinhas que vende produtos típicos argentinos, principalmente para brasileiros (os preços já são até em Real). Algumas também servem petiscos e bebidas.
Se quiser ter uma ideia de preços (2022):
- Alfajores Cachafaz (estilo Havanna, muito bons) – caixa com 6, R$ 25,00, caixa com 12, R$ 45,00.
- Doce de leite (marcas variadas): R$ 18,00 (1Kg), R$ 10,00 (500g)
- Azeitonas grandes: pote de 1kg com caroço, R$ 20,00, sem caroço R$ 30,00.
Nos arredores da Feirinha tem alguns barzinhos simpáticos com mesas na rua.
Dali, seguimos até a Av. Córdoba, onde ficam várias parrillas famosas, como Pizza Color, A Piacere, Aqva e La Rueda. Nessa região, depois das 19h30, já é necessário um certo esforço para estacionar (e lidar com os guardadores de carro).
Na hora de ir embora e passar a fronteira, tivemos que enfrentar uma fila interminável de carros indo para o Brasil. Vimos que ela já tinha se formado às 17h quando saímos das Cataratas, mas às 20h parecia ainda maior. Talvez fosse em razão do feriadão de Páscoa (isso era quinta-feira à noite).
Nesse momento, cheguei à conclusão de que o melhor mesmo é ir para a Argentina de ônibus, táxi ou van de turismo em datas comemorativas, férias e até finais de semana, pois todos esses meios de transporte passavam voando do nosso lado na fila da imigração.
Duty Free Argentina
Outro passeio que você consegue incluir no dia das cataratas argentinas é o freeshop.
Apesar de ter preços muito mais altos do que os do Paraguai, vale a pena entrar no Duty Free da Argentina nem que seja para conhecer, pois ele é muito bonito.
A grande vantagem é que o Duty fica antes da imigração para quem vem do Brasil e é possível chegar até ele pelo acostamento da estrada, sem pegar a fila da fronteira. Então, mesmo que esteja com um carro alugado que não possa entrar nos países vizinhos, vai conseguir conhecer essa pontinha da Argentina.
O shopping conta com um enorme estacionamento coberto e tem uma decoração linda: cada setor representa algum destino turístico importante do mundo. Lembra um pouco Las Vegas!
Confesso que depois de ter ido ao Paraguai, não comprei nada ali, mas gostei muito do passeio e recomendo.
Horários do Duty Free Puerto Iguazú:
- Domingo a quinta, das 12h às 20h
- Sexta e sábado das 12h às 21h
Olá, agradecemos por compartilhar suas experiências, saberia informar até que horas conseguimos retornar de puerto iguazu de ônibus.
Oi, Cicero! Eu não usei ônibus por lá, mas pesquisando na internet encontrei a informação de que o último ônibus que sai da cidade de Puerto Iguazú em direção a Foz é às 19h15. Esse é o horário que consta no WikiRoutes e em mais alguns blogs. Infelizmente não consegui achar nenhuma informação oficial. Minha sugestão é que, caso você não encontre nada na internet também, se programe para sair da Argentina em torno das 19h, mas confirme com o motorista do ônibus na ida, ou pergunte em um dos centros de informações turísticas (tem no aeroporto, rodoviária e terminal de ônibus).
Bom dia! Obrigada pelo post, super completo. Como comprar ingresso pras cataratas argentinas com desconto do Mercosul? Entrando no site oficial só vi opções para entrada geral ou residentes da Argentina.
Obrigada.
Bom dia, Vanessa! Obrigada pelo comentário! Está me parecendo que retiraram o desconto para residentes do Mercosul. Procurei por tudo e também não encontrei. De qualquer forma, acabei de enviar um e-mail para o parque pedindo esclarecimentos. Assim que tiver uma resposta, atualizarei as informações aqui.
Obrigada pelo alerta!
Oi, Vanessa! O parque das cataratas argentinas me respondeu, dizedo que as únicas categorias de ingressos disponíveis atualmente são a tarifa geral e a de residentes da Argentina. Não tem mais aquele descontinho para o Mercosul… Uma pena…
Gostei muito do POST!
Dicas valiosas.
Muito obrigada.
Oi, Eloisa! Muito obrigada pelo comentário! Que bom que pude ajudar. Um abraço!
Adorei a sua resenha!!!
Estou agora em Foz e quero ir a Puerto Iguazú para comprar alfajor Cachafaz. Vc encontrou em mais algum lugar fora a feirinha??
Oi, Paola! Obrigada pelo comentário! Eu só vi alfajores Cachafaz na feirinha (não achei no Duty Free nem no Paraguai). Não tive tempo de ir em supermercados na Argentina, então não saberia te dizer se tem por lá.
Mas é bem prático comprar na feirinha, tem lugar para estacionar, aceitam reais e é bem rapidinho. Em 5 minutos você compra suas coisas e está livre.
Aproveite o resto da sua viagem!
Muito legal as suas informações.
Vou em outubro e pretendo ir a Puerto Iguacu.
Na cidade, é preciso levar pesos? Ou aceitam cartão de crédito?
Obrigado
Oi, Ronaldo!
Você pode levar pesos se quiser (às vezes acaba compensando em razão da cotação), mas todos os estabelecimentos que visitei aceitavam também Reais e cartão. Aliás, na feirinha de Puerto Iguazú os preços inclusive já estão em Reais! Hehe!
Espero que faça uma ótima viagem!
Muito legal sua resenha! Estarei em Foz no final de julho e vou usa-la como dica, pois quero ir de carro tb! Pergunta…Consigo ir no Duty Free na volta da Argentina? Ou seja depois de ter cruzado a imigração voltando da Argentina, consigo ir ao Duty Free? Obrigado
Bom dia, Carlos! Consegue sim! Fique bem atento, pois vai ter que entrar à esquerda imediatamente após cruzar a imigração Argentina. Normalmente há um guarda que impede os carros que estão na fila para entrar na Argentina de trancar o cruzamento para o Duty Free.
Ah, e o shopping fecha cedo, então cuide isso também! Os horários são os seguintes:
– Domingo a quinta, das 12h às 20h
– Sexta e sábado das 12h às 21h
Qualquer outra dúvida, é só perguntar!
Boa viagem!