Passeio de barco para Klein Curaçao

Uma das atividades mais procuradas por quem vai a Curaçao é o passeio de barco para Klein Curaçao (ou “pequena Curaçao”), um paraíso de menos de 2km², acessível apenas de barco.

Existem diversas empresas que oferecem o passeio, em valores que variam de US$ 90 a US$109, dependendo do tipo de barco, das refeições e das bebidas incluídas.

Como a viagem até lá pode demorar até 2 horas e os comentários no TripAdvisor indicavam que o mar é bastante agitado na ida (com grande probabilidade de enjoos), eu pesquisei MUITO para tentar encontrar a opção mais confortável e o barco mais estável para fazer o trajeto.

Depois de ler inúmeros depoimentos na internet, optei pelo catamarã de 75 pés da empresa BlueFinn Charters, em razão da estabilidade oferecida por esse tipo de embarcação e da existência de bancos confortáveis, com encosto estofadinho (li diversas reclamações sobre bancos de metal duros e sem apoio para as costas nos barcos de outras empresas, o que poderia ser bem cansativo, considerando as 4hrs entre ida e volta que ficaríamos ali sentados).

Agendei o passeio para uma segunda-feira, pois nesse dia os outros barcos grandes estão de folga, então teríamos uma experiência mais exclusiva na ilha.

O catamarã da BlueFinn Charters partiu às 8h30 da manhã da praia Jan Thiel, onde pudemos deixar nosso carro estacionado gratuitamente e com segurança.

Antes disso, nos preparando para o agito do mar, comemos um café da manhã bem leve (dizem que estar de estômago vazio é pior) e tomamos Dramin, tudo para evitar que o passeio fosse estragado por algum enjoo terrível.

Ao entrar no barco, optamos por sentar em uma mesa, onde havia bancos com assento e encosto estofados bastante confortáveis. Uma das vantagens de termos escolhido esse lugar é que já deixamos ele reservado para a hora do almoço (nem todo mundo conseguiu comer em mesas).

A viagem começou com chuva, mas com o mar atipicamente calmo. Durante todo o trajeto, fomos embalados por ótimas músicas e muito bem atendidos pela tripulação, que serviu bebidas sem álcool (o álcool era só depois do meio-dia) e abacaxis fatiados.

Chegamos em Klein Curaçao em tempo recorde (de acordo com o capitão), em 1h40min, e sem nem uma balançadinha do barco!

Ao nos aproximarmos da ilha, já com o céu começando a abrir e o sol brilhando, avistamos o pequeno farol abandonado que é a marca do local, além de algumas poucas estruturas simples de praia, a maioria em palha e madeira. A cor do mar, de um azul bem clarinho e transparente, era de deixar qualquer um de boca aberta!

Foram distribuídos snorkels e máscaras para ver os peixinhos e disponibilizados espaguetes para flutuação. Nesse momento, a maioria das pessoas já pulou na água e foi nadando até a ilha (difícil resistir ao chamado daquela água cristalina!).

Quem não quis ir nadando, pôde ir de lancha junto com as bolsas e sacolas de todos os passageiros.

Na praia, havia algumas “palapas” (barracas/guarda-sóis de palha) de uso comum, onde acomodamos nossos pertences e onde o pessoal da BlueFinn deixou um garrafão de água para quem quisesse se hidratar.

A partir desse momento, cada um foi curtir Klein Curaçao à sua maneira. Alguns deitaram-se na areia para tomar sol, outros foram nadar no mar maravilhoso (com ou sem snorkel) e outros saíram para explorar a ilha a pé.

Nesse primeiro momento, optamos por ficar na praia, pois a água cristalina estava atrativa demais!

Uma das partes mais interessantes de ir a Klein Curaçao é ter a chance de aproveitar faixas de areia e de mar praticamente desertas. É só se afastar um pouquinho de onde chegam os barcos e você terá toda a paz e tranquilidade de uma praia particular! Claro que eu escolhi visitar a ilha no dia mais vazio né (segunda-feira), mas, mesmo com mais gente, imagino que ainda seja possível encontrar áreas bem tranquilas, especialmente porque, diferentemente da maioria das praias de Curaçao, a praia aqui é bem comprida.

Ao meio-dia, começaram a ser servidas bebidas alcoólicas, então todos retornaram para o catamarã para tomar uns drinques e se preparar para o almoço.

Havia vinho, cerveja e diversos destilados, sendo que o barman fazia combinações conforme o gosto de cada um.

Às 12h30, o capitão tocou a buzina para avisar a todos que o almoço seria servido. Foram organizados dois buffets, com salada de feijão e pepino, massa ao molho pesto, costelinhas de porco ao molho barbecue, salsichas holandesas, frango e filé (todas as carnes assadas na churrasqueira). Para acompanhar, fatias de pão francês e molho de amendoim – um favorito dos holandeses, de acordo com a tripulação! Apesar de o churrasco já não estar super quentinho, tudo estava muito saboroso e todos comeram com gosto!

As minhas dicas para o almoço ser um sucesso são:

1 – Não se atrase para voltar ao barco – esteja lá às 12h30 em ponto para ainda pegar a comida quentinha;

2 – Quando chegar em Klein Curaçao, tente deixar uma toalha ou sacola guardando lugar em alguma das mesas disponíveis. É bem mais confortável, especialmente se você pretende cortar a carne (e não comer com a mão).

Depois do almoço, a atração são os peixes e tartarugas que se reúnem na parte traseira do barco quando a tripulação enxágua os pratos usados. Algumas pessoas pulam na água para observar de snorkel e outras assistem de cima do catamarã mesmo. É impressionante como as tartarugas sabem direitinho que está na hora do lanche!

De barriga cheia, decidimos dar uma caminhada até o farol abandonado, localizado no meio da ilha. É um passeio rápido, mas bem pitoresco. Durante o trajeto, nos surpreendeu a quantidade de lagartinhos que corriam à nossa frente, sempre buscando se esconder em algum arbusto. Outro interessante habitante da ilha que chamou nossa atenção foi o bernardo eremita, um tipo de caranguejo que vive dentro de uma concha (e a carrega consigo aonde quer que vá). Preste bastante atenção ao chão e verá inúmeros desses bichinhos, desde alguns bem pequenininhos, até outros maiores e com cara de mau! Hehe!

Achei a paisagem muito bonita, rústica e árida, com o farol cor-de-rosa todo desbotado ao fundo.

Apesar de tudo, diz a história que até o século 19 a ilha era super verde e fértil, tornando-se assim desértica somente depois que fazendeiros chegaram e deixaram suas inúmeras cabras caminharem e pastarem por tudo sem nenhum controle.

Chegando no farol, você vai encontrar mais lagartinhos e alguns cômodos vazios, com entulhos e madeiras quebradas. É possível subir uma escada em caracol até o topo, onde se vê o mar através de pequenas janelas.

Particularmente, não achei a vista nada demais. Diria que a beleza do farol está toda do lado de fora, em conjunto com a paisagem árida da ilha.

Apesar de desabitado, o farol ainda funciona como alerta para os navegadores, com uma luz de LED instalada em 2008 que pisca a cada 15 segundos para mostrar a posição da ilha.

E não é para menos, pois as correntes e o vento nos entornos de Klein Curaçao já causaram alguns naufrágios ao longo da história. Do próprio farol já é possível avistar a carcaça do navio tanque Maria Bianca Guidesman, que bateu na ilha em 1982, e agora já se tornou parte da paisagem. Além dele, outros quatro ou cinco barcos (incluindo iates) estão naufragados em Klein Curaçao.

Embora eu tenha feito essa caminhada à tarde, aviso que a maioria das pessoas recomenda fazê-la pela manhã, pois é um pouco mais fresco. Como a ilha é quase desértica, não há nenhuma sombra no caminho.

Às 14h45 a lancha buscou os pertences de todos na praia e às 15hrs o catamarã partiu de volta para Curaçao. Achei suficiente o tempo que passamos na ilha, até porque não tenho costume de ficar deitada na praia o dia inteiro.

O clima na viagem de volta foi bem animado, com muita música, bebidas e nachos com molho!

Ao contrário do que ocorre normalmente, o barco sacudiu muito mais na volta do que na ida, mas ainda assim não vi ninguém passar mal.

Às 17hrs chegamos na praia de Jan Thiel, de onde havíamos partido, cansados, mas muito satisfeitos com o passeio!

*** Depois de eu já ter reservado o passeio com a BlueFinn Charters (escolhida após demorada pesquisa no TripAdvisor e em diversos sites na internet), a empresa ofereceu ao blog uma cortesia para conhecer Klein Curaçao. Destaco, no entanto, que isso não teve qualquer influência no meu relato deste post, o qual retrata exatamente a experiência vivida por mim e meu companheiro de viagem (pagante) na ilha. ***

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