Quioto: o que fazer na capital histórica do Japão
Quioto foi a capital do Japão de 794 até 1868, sendo, hoje em dia, o coração histórico e cultural do país. Se você busca, em um mesmo lugar, visitar templos budistas e santuários xintoístas, passear em meio a típicas construções japonesas, conhecer uma casa de chá e, quem sabe, ver com seus próprios olhos uma gueixa ou maiko (aprendiz), Quioto é a cidade que não pode faltar em seu roteiro pelo Japão.
Fique avisado, contudo, que apesar de ter todos esses atrativos históricos, Quioto é uma cidade moderna “comum”, ou seja, você vai transitar em meio a lojas, estações de metrô, grandes avenidas e construções atuais. Os templos, ruelinhas típicas e casas de chá estão só em alguns pontos específicos da cidade (alguns deles bem distantes, diga-se de passagem).
Quioto fica a 55km de Osaka (mais ou menos uma hora de trem – 410 ienes) e a 450km de Tóquio (a viagem demora 2 horas e 15 minutos de Shinkansen – trem-bala – e custa 13.710 ienes). Sim, é bem caro! Por isso considere comprar o passe de trens ilimitado para estrangeiros, o JR Pass. Uma simples viagem de ida e volta de Tóquio a Quioto já faz valer o passe de uma semana!
Eu dormi duas noites na cidade (tive apenas uma noite, um dia inteiro e uma manhã para passear), o que foi pouco tempo para ver tudo que Quioto tinha para oferecer. Se você realmente quiser visitar com calma todos os templos e santuários, acho que seria bom ficar uns três dias por lá (e trate de reservar seu hotel com antecedência, porque as acomodações são bem caras e você não vai querer que sobrem só aquelas que você não pode pagar para a época da sua visita, né?).
A minha viagem foi durante a floração das cerejeiras, de forma que havia algumas “atrações” especiais que fiz questão de visitar, deixando de fora do roteiro outras coisas que eu sabia que poderia conhecer, em uma viagem futura, em qualquer época do ano.
Bom, agora vou dar algumas ideias do que fazer em Quioto, especialmente na época das cerejeiras, e no final deixo dicas de onde ficar e como se deslocar na cidade.
TERAMACHI ARCADE E NISHIKI MARKET
Vamos começar pela parte “moderna” de Quioto, onde você pode satisfazer todas as suas necessidades de compras de uma só vez.
Convenientemente próxima do distrito das gueixas (Gion) e da região de Higashiyama, onde ficam alguns dos templos mais importantes de Quioto, a galeria comercial Teramachi tem lojas de todos os tipos e, por ser completamente coberta, é uma ótima opção de passeio em um dia chuvoso.
Bem pertinho dali, fica o Nishiki Market, um típico mercado japonês, com banquinhas vendendo frutas, legumes, temperos, doces e, é claro, todos os frutos do mar possíveis e imagináveis.
Aliás, toda a região em torno da rua Teramachi e do mercado Nishiki, especialmente perto da estação Kawaramachi do metrô, é um verdadeiro centro comercial, com lojas de departamento gigantes, restaurantes e todas as opções de marcas famosas do mundo inteiro para comprar.
Eu sou suspeita para falar, porque adoro olhar lojinhas diferentes (mesmo comprando quase nada), mas se soubesse que essa parte moderna de Quioto era tão interessante, teria reservado um dia inteiro só para passear por ali sem pressa.
GION E SHOW DAS GUEIXAS
Bem pertinho do centro de Quioto fica Gion, o principal distrito de gueixas do Japão. Para quem não sabe, gueixas são mulheres que se dedicam às artes e à preservação da cultura japonesa, sendo treinadas desde cedo nas mais variadas habilidades, como canto, dança, elaboração de origamis e etiqueta. Embora sejam confundidas com prostitutas de luxo, em regra as gueixas apenas oferecem a sua companhia culta e agradável em festas e eventos sociais, ocasião na qual exercem a arte da boa conversa e demonstram alguns de seus talentos.
Apesar de encontrar muitas mulheres vestidas com roupas típicas por todo o Japão, é em Quioto (e, mais precisamente, no distrito de Gion) que você terá mais chances de avistar uma verdadeira gueixa (ou uma maiko, que é a aprendiz de gueixa), com a maquiagem perfeita, o cabelo escultural e os quimonos luxuosos.
As ruas de Gion, nos arredores da avenida Shijo, são um verdadeiro monumento histórico de Quioto, com típicas casas de madeira (chamadas “machiya”), um dia pertencentes a mercadores, e hoje perfeitamente preservadas. Por ali, a gente encontra algumas casas de chá e restaurantes bem caros (onde, pelas janelas de vidro, às vezes se consegue avistar as gueixas com seus clientes). A rua mais turística do distrito é a Hanamikoji-dori.
Bem pertinho do Rio Kamo, na Shijo-Dori, fica o grande Teatro Minamiza que, além de ser muito bonito iluminado à noite, recebe, durante o mês de abril, o show de gueixas Miyako Odori, o maior de Quioto.
Eu assisti ao show e é algo realmente encantador e diferente de tudo que já presenciei! A gente não entende nada, mas fica fascinado pelos figurinos suntuosos, pela música delicada e pelos movimentos hipnotizantes das gueixas. A apresentação, que mostra um pouco de Quioto durante as quatro estações do ano, acontece desde 1872 e é uma verdadeira tradição da cidade.
Por isso, se você gosta de arte, dança ou música, e estiver em Quioto no mês de abril, não deixe de comprar ingressos para este show!!! Os meus eu comprei pela internet, porque olhei os lugares e achei que estavam esgotando muito rápido, mas conheço gente que comprou no próprio dia, na bilheteria do teatro.
Infelizmente não era possível tirar fotos, mas se você quiser ter uma ideia de como é o espetáculo, pode acessar esse vídeo promocional no YouTube.
Em Gion, o local mais lindo para ver as cerejeiras é o canal Shirakawa, onde as árvores são iluminadas entre o final de março e o início de abril. É realmente imperdível!!!
E só mais uma dica sobre Gion: na Shijo-Dori, a principal avenida da região, relativamente perto do Teatro Minamiza, tem uma loja de doces chamada Seikanin, que vende produtos maravilhosos! Os doces japoneses são muitas vezes estranhos ao nosso paladar, por serem feitos de arroz e feijão, mas os que provei nessa loja foram, sem sombra de dúvida, os melhores que comi na viagem! Havia vários tipos feitos de gelatina com frutas, incluindo umas balas coloridas simplesmente deliciosas. Ela fica no mesmo lado da rua que o Teatro Minamiza, quase na esquina com a Hanamikoji Dori. Os endereços no Japão são muito loucos, mas se quiser pesquisar no Google Maps, é só copiar e colar o nome da loja em japonês (菓匠 清閑院 祇園本店).
PONTOCHO
Bem pertinho de Gion, fica uma ruelinha estreita, paralela ao Rio Kamo (Kamogawa), com casinhas antigas ocupadas por inúmeros restaurantes e casas de chá.
Dizem que à noite a Rua Pontocho tem uma atmosfera histórica incrível, cheia de lanternas japonesas iluminadas e bem movimentada com o ir e vir do pessoal que chega para jantar, muitas vezes na caríssima companhia de alguma gueixa ou maiko.
Infelizmente não tive noites suficientes na cidade para visitar Pontocho nesse horário, mas dei uma rápida passada por ali à tarde e fui presenteada com a presença de uma legítima maiko, que passou caminhando ligeirinho e com o olhar baixo (estávamos só nós e ela naquela parte da rua!). Como era início da tarde, ela não estava completamente “montada” (com roupa suntuosa, maquiagem forte, etc), mas, de acordo com as minhas pesquisas, nesse horário elas andam mais “à paisana” (com exceção do cabelo, que não é desmanchado de um dia para outro). Tirei uma foto muito discretamente, apontando o celular para a casinha fofa que estava na minha frente, porque não queria ser mal-educada.
BOSQUE DE BAMBU DE ARASHIYAMA
Um dos locais mais visitados e fotografados de Quioto, o bosque é, na verdade, uma grande plantação de bambu que possui um caminhozinho no meio por onde os turistas podem passear. A trilha entre os bambus tem só uns 200 metros de comprimento, razão pela qual costuma ficar bem lotada de gente (pelo menos é o que dizem por aí).
Como fomos alertados para as multidões, tentamos chegar lá o mais cedo possível: saímos do hotel às 8h da manhã, pegamos a linha Hankyu do metrô (poderia ser o ônibus 11 também) e, após descer na estação de Arashiyama, caminhamos por uns 15 minutos até o bosque de bambu.
Chegamos lá pelas 9h e estava bem tranquilo! Felizmente os outros turistas parecem dormir ainda mais que a gente!!!
Pudemos curtir com relativa paz o clima do bambuzal e tirar algumas fotos bem boas (sem mais ninguém aparecendo). As árvores têm, em sua maioria, entre 5 e 10 metros de altura, mas algumas chegam a 20 metros! A gente se sente bem pequenininho ali no meio.
No fim das contas, achei o lugar bem legal.
Ah! A passagem entre os bambus é como uma rua, ou seja, não tem horário de abertura e fechamento e é totalmente gratuita.
TEMPLO TENRYUJI
Esse templo fica bem pertinho do Bosque de Bambu, em Arashiyama, e foi considerado Patrimônio Histórico Mundial pela UNESCO.
Fundado pelo shogun Ashikaga Takauji em 1339, o Tenryuji conta com diversos prédios, os quais foram reconstruídos durante o Período Meiji (1868-1912) após serem repetidamente destruídos em incêndios e guerras.
A principal atração, no entanto, é o belíssimo jardim criado pelo famoso designer Muso Soseki, perfeitamente planejado em torno de um laguinho com carpas cercado por pedras, pinheiros, cerejeiras e uma bela vista das montanhas de Arashiyama ao fundo. Bem na frente, há ainda um dos típicos jardins zen japoneses, com areia e cascalho brancos formando ondulações suaves para representar a água do mar.
Pelas fotos que vi na internet, no outono o local fica ainda mais lindo, com várias árvores vermelhas!
Nós pagamos 300 ienes para fazer a visita apenas aos jardins, sem poder entrar nos prédios (mas deu para dar uma boa olhada de fora, porque é tudo muito aberto). O ingresso que permitia a visita ao interior das construções, custava 500 ienes. Se quiser se certificar que os preços continuam os mesmos no momento da sua visita, acesse o site oficial do templo (em inglês).
CAMINHO DO FILÓSOFO
O Caminho do Filósofo é um trajeto de aproximadamente 2km de extensão ao longo de um pequeno canal rodeado de cerejeiras. Na época da floração (geralmente início de abril), a região fica cheia de turistas, sendo um dos principais locais da cidade para a prática do hanami (observação das cerejeiras).
Eu estava lá no final de semana que deveria ser o auge da floração em Quioto, mas infelizmente a mãe natureza resolveu atrasar os seus planos e a maioria das árvores estava ainda com os botões fechados…
Confesso que eu sabia desse atraso, mas como encontrei algumas cerejeiras floridas em outros pontos da cidade, resolvi arriscar e dar um pulo no Caminho do Filósofo para ver como estavam as coisas por lá. Não fui a única… Havia até noivos fazendo fotos para o casamento embaixo de cerejeiras sem flor… Coitados… Provavelmente não dava para mudar o acerto com o fotógrafo em cima da hora!
Bom, o passeio foi tranquilo e agradável (havia algumas lojinhas ao longo do caminho e umas outras flores brancas bem bonitas), mas ficou aquela decepção de não ver as árvores carregadinhas de sakuras (felizmente fomos presenteados com a floração máxima em Tóquio dois dias depois e pudemos lavar alma!!!).
Se por acaso você for na época certa e quiser colocar o Caminho do Filósofo nos seus planos, pode juntar com uma visita aos templos Ginkakuji (Pavilhão de Prata) e Nanzenji, que ficam cada um em uma ponta do percurso.
HEIAN SHRINE
O santuário xintoísta Heian é uma das atrações mais “novas” de Quioto: foi construído em 1895 em comemoração ao 1100º aniversário da cidade e inspirou-se no Palácio Imperial original do Período Heian (na verdade, é uma réplica em menor escala).
Ah, e só para esclarecer, Heian é o antigo nome de Quioto.
Apesar da menor importância histórica, achei essa uma das construções mais bonitas que visitei, talvez em razão do vermelho vivo que coloria todo o santuário. Gostei também do fato de ser tudo muito espaçoso, com um enorme pátio no centro dos prédios, o que traz uma sensação mais agradável do que a que se tem em outros pontos turísticos lotados de turistas.
Além disso, a chegada ao santuário é marcada pela presença de um portão torii gigante. Com 24,4m, esse foi o maior torii do Japão quando da sua construção, sendo, ainda hoje, o maior de Quioto. A gente se sente uma formiguinha passando embaixo dele!
Bem em frente ao portão, há um canal cujas margens são repletas de cerejeiras, existindo inclusive um passeio de barco para observá-las da água. Então, já sabe, se for visitar a cidade na época da floração, essa é mais uma opção para você!
SANTUÁRIO YASAKA E MARUYAMA PARK
Localizado no final da principal rua de Gion, a Shijo-Dori, o Santuário Xintoísta Yasaka é um dos pontos turísticos mais visitados de Quioto.
Com quase 1400 anos de história, o Santuário Yasaka recebe, todo mês de julho, o festival mais famoso do país, o Gion Matsuri, que ocorre há mais de mil anos.
Além do salão principal, o templo conta com diversos altares menores, com um palco cheio de lanternas lindas (dizem que cada lanterna tem o nome de um comércio local, em troca de doações) e com um belíssimo portão vermelho para receber os visitantes.
O Santuário Yasaka é, também, a porta de entrada para o Parque Maruyama, principal local da cidade para praticar o hanami (observação das cerejeiras).
Durante a época da floração, o parque fica super movimentado, cheio de barraquinhas vendendo comida de rua e mesinhas baixas nos gramados para o pessoal fazer piquenique. O clima é muito legal e festivo, principalmente no fim do dia!
Achei linda uma cerejeira enorme e antiquíssima que fica toda iluminada à noite no centro do parque.
Templos com iluminação noturna na época das cerejeiras
Alguns dos templos mais populares de Quioto contam com uma iluminação especial e horários de abertura diferenciados durante a floração das cerejeiras. Como não sei se terei a sorte de visitar o Japão novamente nesta época, decidi aproveitar a oportunidade e fiz uma caminhada noturna na região de Higashiyama, passando por três templos iluminados. Destaco que só vale a pena fazer esse passeio à noite durante as festividades de primavera (geralmente início de abril, mas verifique nos sites especializados antes de ir), porque os templos, em regra, fecham bem cedo (em torno de 16h ou 17h).
CHION-IN
Coladinho no Parque Maruyiama, o Chion-in é o principal templo da corrente Jodo do Budismo Japonês, uma dos mais populares do país.
Ao passar em frente à sua entrada, ainda na rua, é impossível não se impressionar com o enorme Sanmon Gate, o maior portão de madeira do Japão, com 24 metros de altura e 50 metros de largura. A visão fica ainda mais incrível durante a época das cerejeiras, quando as árvores e o portão são iluminados à noite, deixando o ambiente simplesmente mágico.
Logo atrás do Sanmon Gate, fica uma íngreme escadaria que leva à parte principal do templo e que apareceu no filme O Último Samurai, com Tom Cruise.
Apesar de ter pesquisado que o passeio pelas terras do templo era gratuito, quando visitei estavam sendo cobrados 600 ienes só para passar pela “porta”, provavelmente em razão da iluminação especial. Como havia sido informada que o Chion-in estava em reforma, decidi não entrar.
De qualquer forma, ficou na minha lista de lugares para visitar em uma próxima viagem, porque parece ser bem bonito. As informações detalhadas sobre preços e horários de funcionamento estão no site oficial, em inglês.
KODAI-JI
A menos de 10 minutos de caminhada do Chion-in fica o templo Kodaiji, construído em 1606 em memória de Toyotomi Hideyoshi, uma das figuras históricas mais importantes do Japão, responsável pela unificação do país.
Durante o mês de abril, o templo conta com iluminações especiais, boa parte das quais já podem ser vistas de fora. Após subir uma alta escadaria para chegar à entrada do templo, avistamos de imediato projeções bem bonitas, mostrando enormes dragões coloridos. Isso nos entusiasmou e decidimos pagar o ingresso de 800 ienes para entrar.
Assim que passamos pela bilheteria já fomos presenteados por uma cerejeira iluminada lindíssima, com flores de um tom de rosa bem mais forte do que a maioria das árvores.
Dali, seguimos para o salão principal do templo (Hojo), de onde tivemos uma bela vista de um jardim zen de pedras, com um amplo terreno de cascalho branco formando as ondulações da água do mar. Nesse local estava sendo apresentada uma projeção com algumas figuras típicas japonesas (não entendi se estavam contando alguma história ou não) e, de tempos em tempos, acendiam-se as luzem de uma enorme shidarezakura (cerejeira-chorão), com seus compridos galhos caídos. Foi provavelmente a mais linda da espécie que vi durante a viagem.
Saindo do Hojo, passamos por um belo jardim no estilo tsukiyama, com laguinho, pedras, pinheiros e colinas artificiais, tudo planejado para deixá-lo com a aparência perfeita. A iluminação também ajudou a dar ao local uma atmosfera toda especial.
A visita segue ainda algumas escadas em direção ao mausoléu de Hideyoshi e de sua esposa Nene (responsável pela construção do templo) e a duas casas de chá.
Umas das partes mais interessantes, no entanto, está no caminho em direção à saída: um pequeno bosque de bambu que, com a iluminação noturna, ficou, na minha opinião, tão lindo quanto o de Arashiyama.
Acho que em menos de 30 minutos visitamos todo o local, mas em um passo às vezes meio apressado, porque caíam fortes pancadas de chuva de tempos em tempos.
KIYOMIZUDERA
Saindo do Kodai-ji, siga até a Matsubara-dori, uma rua antiga com dezenas de lojinhas maravilhosas de souvenirs e produtos japoneses! Vale a pena reservar um tempo para passear por ali com calma durante o dia, pois à noite boa parte do comércio já fechou.
Em menos de 15 minutos de caminhada, chega-se à entrada do Templo Kiyomizudera, possivelmente o mais famoso de Quioto. Fundado em 780 junto à cascata Otowa, ele recebeu esse nome justamente em razão da água pura que ali corria (Kiyomizudera significa “Templo da Água Pura”). Em 1994, foi incluído como Patrimônio Histórico da Humanidade pela UNESCO.
A primeira visão que tivemos do templo foi linda, com um grande portão vermelho iluminado e, ao fundo, outras construções no mesmo estilo, algumas decoradas por cerejeiras no início da floração.
Infelizmente, nesse momento, a chuva que vinha caindo e parando nas últimas horas resolveu se intensificar e trazer consigo uma ventania gelada (estava em torno de 3 graus). Nos entregamos… Eram 8 horas da noite, já estávamos completamente encharcados e congelados e não queríamos estragar os próximos 7 dias de viagem em Tóquio pegando um resfriado!
Descemos a Matsubara-dori quase correndo e pulamos dentro do primeiro táxi que apareceu! Felizmente nosso hotel não era muito longe e com 1000 ienes conseguimos chegar até ele sãos e salvos!
A visita ao famoso Kiyomizudera teve que ficar para uma próxima!
FUSHIMI INARI TAISHA
O santuário xintoísta Fushimi Inari é o local mais visitados por turistas estrangeiros em Quioto, em razão, especialmente, dos 10 mil portões torii que formam trilhas até o topo do sagrado Monte Inari (233 m acima do nível do mar). O local se tornou ainda mais popular depois de aparecer no filme Memórias de uma Gueixa, de 2005 – que, aliás, eu recomendo muito para quem for viajar para Quioto!
O Fushimi Inari é o mais importante entre os mais de 30 mil santuários dedicados ao deus do arroz, chamado Inari, e foi construído em torno do ano 711 (antes mesmo de Quioto se tornar a capital do país, em 794).
Inari foi sempre visto como o patrono dos negócios e do comércio e é por isso que muitas empresas (ou indivíduos) doam/ou doaram portões torii para o santuário, criando esse labirinto que tanto encanta os visitantes.
Curiosidade: dizem que o preço de um torii pequeno parte de 400 mil ienes (em torno de 4 mil dólares) e vai subindo até 1 milhão de ienes (10 mil dólares), no caso dos portões maiores.
Bom, considerando a fama do lugar, deixamos para conhecê-lo em nosso último dia na cidade, para poder chegar bem cedo. Claro que não conseguimos… Hehe! O típico café da manhã japonês do nosso hotel fez com que nos atrasássemos…
Após uma viagem de apenas 12 minutos de metrô entre as estações Gion-Shijo e Inari pela Keihan Main Line (210 ienes), chegamos às 10h da manhã na ruazinha em frente ao santuário, já completamente lotada de turistas e lojinhas de souvenir.
Logo na entrada, dá-se de cara com o Portão Romon, doado em 1589 por Toyotomi Hideyoshi, e, em seguida, chega-se ao salão principal e a outros secundários, havendo inclusive um palco com apresentações ocasionais de sacerdotes. O complexo é bem bonito, com todas as construções em vermelho vivo.
Atrás disso tudo é que fica a entrada da trilha com os milhares de torii. A caminhada, no início, é bem lenta, porque há uma certa massa de turistas se deslocando vagarosamente. Em pouco tempo, no entanto, chega-se ao primeiro “escape”: uma trilha de torii que se separa da principal e desce a montanha de volta para a parte principal do complexo. Existem algumas dessas ao longo do percurso e, a cada uma que aparece, o número de pessoas vai diminuindo. É possível descer também pelo mesmo caminho que subiu, mas as pessoas tendem a escolher um desses “escapes”.
Nós fomos subindo o máximo que o nosso tempo nos permitiu (precisávamos tirar as malas do hotel às 13h) e, em aproximadamente 30 minutos de caminhada, conseguimos boas fotos dos torii desertos, sem nenhum turista aparecendo! A vista mais bonita deles é sempre de cima para baixo, pois nessa direção aparecem as inscrições que indicam o nome da pessoa ou empresa que doou aquele portão.
Eu não achei a subida muito cansativa, até porque volta e meia a gente dava uma paradinha para olhar e fotografar pequenos templos muito simpáticos, cheios de torii miniatura doados por fiéis menos abonados e com lindas estátuas de raposas (“kitsune”), um dos símbolos do Fushimi Inari – elas são vistas como mensageiras do deus Inari.
Havia até mesmo pessoas bem idosas subindo com a ajuda de parentes. Dizem que chegar até o topo traz prosperidade e boa sorte!
Nós subimos até o local chamado Yotsustuji Intersection, mais ou menos na metade do caminho até o topo da montanha, de onde pudemos ver uma vista bem interessante da cidade de Quioto.
Chegamos de volta à parte principal do complexo em torno do meio-dia e percebemos que às 10h da manhã ainda havia bem poucos turistas… Olha só na fotinho:
COMO SE DESLOCAR EM QUIOTO
Como as atrações em Quioto são bem “espalhadas”, você certamente vai precisar fazer uso de algum tipo de transporte para se deslocar, sendo as principais opções metrô, ônibus e táxi.
A maioria dos turistas costuma comprar o Kyoto City Bus & Kyoto Bus One-Day Pass que custa 600 ienes para adultos e 300 ienes para crianças e dá direito ao uso ilimitado de ônibus dentro da cidade no dia da ativação do cartão (e não por 24 horas corridas). O passe vale a pena se a pessoa for utilizar o ônibus 3 ou mais vezes no dia (o que, dependendo do seu roteiro, pode ser bem provável de acontecer). Dá para comprar o One-Day Pass diretamente com o motorista do ônibus (a não ser que esteja esgotado), nas cabines de venda de tíquetes das estações de metrô e em alguns outros locais que você pode consultar aqui.
Eu acabei não comprando o passe porque, como tinha pouco tempo na cidade, pretendia fazer alguns deslocamentos de metrô, que é mais rápido. Infelizmente o metrô não chega até todos os templos importantes de Quioto, e por isso o ônibus é tão utilizado pelos turistas. As passagens avulsas de ônibus custam, na maior parte das zonas, 230 ienes. Já o metrô vai depender das distâncias, mas não fiz nenhuma viagem de mais de 220 ienes (e olha que demorou 40 minutos até Arashiyama!).
No fim das contas acabei andando até de táxi, em um momento de chuva torrencial e muito frio, o que foi uma experiência bem legal (e não tão cara, dependendo de com quantas pessoas você divide). Os táxis no Japão abrem a porta automaticamente (nem adianta tentar encostar nela) e são extremamente espaçosos no banco de trás (geralmente são uns Toyotas sedã antigos). O motorista que pegamos parecia ter 120 anos e não demonstrava enxergar o mapa que mostramos para ele e nem entender o que falávamos, mas fez a viagem sem nem titubear, seguindo exatamente o caminho que estávamos acompanhando pelo Google Maps! Garantia de qualidade japonesa no serviço!
ONDE FICAR EM QUIOTO
Nós ficamos hospedados no centro de Quioto, na região bem comercial de Shijo e Kawaramachi. Ali há transporte para todos os lados, com paradas de ônibus e estações de metrô a menos de 5 minutos de caminhada. Além disso, a oferta de restaurantes e lojas é inacreditável (parece que você está em uma grande metrópole e não em uma cidade cheia de monumentos históricos). Nessa região fica, ainda, o Mercado Nishiki e a Rua Pontocho, além de ser possível ir a pé, em poucos minutos, até Gion, Santuário Yasaka e Parque Maruyama.
Para quem tem pique, em 30 minutos de caminhada chega-se ao Santuário Heian (para um lado) e ao Templo Kyiomizudera (para outro).
Resumindo, gostei bastante dessa região e recomendo a hospedagem ali por perto!
Só para finalizar, queria deixar claro que há muito mais lugares para visitar em Quioto do que eu listei aqui. Como já expliquei lá no início, fiz as minhas escolhas conforme os meus interesses naquele momento, especialmente em razão do tempo curto, da temporada de cerejeiras e da chuva. Por isso, não deixe de pesquisar em outros sites especializados para montar um roteiro perfeito para você (e depois volte aqui para me contar quais lugares visitou e quais gostou mais)!
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Uau! Que post mais completo com dicas sobre o que fazer em Quioto. Sou doida para conhecer o Japão e fiquei encantada com o seu relato. Me diz uma coisa… qual a média de gastos para os três dias que você recomendou?
Oi, Dhebora! Eu diria que com 50 dólares por dia você consegue comer, se deslocar e visitar todos os templos importantes. Claro que esse valor pode variar para cima ou para baixo dependendo das suas preferências né. Por exemplo, o show das gueixas custa, só ele, em torno de 50 dólares, mas é algo que só funciona alguns meses no ano e que a pessoa pode optar por não ir. O mais caro em Quioto é a hospedagem mesmo… Por isso não é bom usar a cidade como base para visitar outras. Um hotel 3 estrelas bem localizado custa uns 200 dólares por dia para 2 pessoas.
Quanta coisa linda em Quioto! Fiquei encantada pelo registro da maiko… E as estátuas de raposas, que fofura! O Japão é definitivamente um destino que eu sonho em conhecer. Obrigada pelos registros!
Que bom que gostou! Se as estátuas das raposas chamaram a sua atenção, não tenho dúvidas de que se encantará pela maioria dos templos no Japão, pois são todos cheios de imagens interessantes!
Que linda a cidade de Quioto! Embora vc tenha alertado no início que a cidade é grande e moderna, as fotos correspondem exatamente à ideia que tenho do Japão tradicional. Adorei especialmente as fotos das cerejeiras, maravilhosas!
A época das cerejeiras com certeza traz um clima todo especial à viagem!
Eu estou doido pra ir pro Japão e conhecer lugares como Quioto! Seu texto está incrível e super completo, obvio que vou guardar aqui, pra muito breve (assim esperamos!) Um abraço
Obrigada, Roberto! Tenho certeza que quando viajar para o Japão ficará encantado!
Quioto foi a primeira cidade que eu visitei no Japão. Foram dias inesquecíveis. Apesar de moderna, como você mencionou, tem o passado muito evidente, em seus muitos templos, ruas e ruelas, comona região de Gion. Diferente de todos os países que eu já tinha visitado até então, estar no Japão mudou minha maneira de viajar. Eu vou voltar um dia, para ver mais desse bonito país.
Difícil não sair de lá com a certeza de que a gente vai voltar né?
O Japão é sem duvida um país que quero conhecer, e Quioto parece ser uma cidade fascinante. O show de gueixas deve ser incrível.
Siiim!!! O show das gueixas é algo diferente de tudo que já tinha visto ou pensado em ver! Além de ser visualmente lindo, transmite uma paz difícil de explicar.
Quero muito conhecer o Japão. Fiquei encantada com seu post. Quioto é uma cidade linda. Essas cerejeiras são lindas..
O Japão é realmente imperdível! Já estou louca para voltar!