
Avignon e Châteauneuf: herança papal na Provence
Depois de passar três noites em L’Isle-sur-la-Sorgue, fizemos as malas, carregamos o carro e partimos rumo à nossa segunda base na região (a cidade de Aix-en-Provence), mas não sem antes fazer um desvio até Avignon e Châteauneuf-du-Pape, para conhecer um pouco da herança deixada pelos Papas que viveram por ali.
Avignon fica a 40 minutos de L’Isle-sur-la-Sorgue e a uma hora e meia de Aix. No total, viajamos por pouco mais de duas horas nesse dia.
Avignon
Principal cidade da região da Vaucluse, Avignon é utilizada por muitos para visitar outras partes da Provence, especialmente por contar com uma estação de trens muito bem servida – inclusive por TGVs (trens de alta velocidade) que ligam a cidade a Paris e a Nice.
Avignon é conhecida por sua grandiosidade, a qual decorre do fato de ter sido, durante o século XIV, a residência oficial de diversos Papas – sendo chamada, inclusive, de “Vaticano do norte”. Com a forte presença da Igreja Católica, veio também muita riqueza e opulência, que pode ser observada ainda hoje na arquitetura gótica do espetacular Palais des Papes (Palácio dos Papas).

É possível visitar o castelo-fortaleza papal todos os dias do ano. O ingresso custa 12 € (em 2019) e os horários de funcionamento estão no site.

Ao lado do Palais des Papes, está a Cathédrale Notre-Dame-des-Doms, construída no século XII em estilo romanesco-provençal. Sua principal característica é a enorme estátua dourada da Virgem Maria posicionada no topo, que pode ser vista a muitos quilômetros de distância.

Dali, pode-se pegar um caminho que, em 300m, leva até o alto do Rocher des Doms, onde fica um jardim muito bonito, com laguinho, cisnes e ótimas vistas da cidade, do palácio, da Pont d’Avignon e das montanhas ao redor (Mont Ventoux, Alpilles e Luberon). Dá pra tirar fotos muito bonitas!



Falando na Pont d’Avignon (cujo nome oficial é St-Bénezet), não deixe de dar uma boa olhada nessa curiosa ponte do século XII, que acabou desmoronando ao longo de muitos séculos de guerras e alagamentos. Desde o século XVII, a ponte vai só até a metade do rio Rhône, mas mesmo assim pode ser visitada (o ingresso custa 5 €, ou 14,50 €, se combinado com o Palais des Papes).

A ponte, assim como o Palais des Papes e a Cathédrale Notre-Dame-des-Domes, é considerada Patrimônio da Humanidade pela UNESCO.
Outra herança deixada pelos Papas são os mais de 4km de muralhas e torres de proteção construídas no século XIV para defender as riquezas do palácio papal. São chamadas de “Ramparts” e separam a cidade antiga da Avignon moderna.
Fora esses pontos turísticos principais, Avignon oferece um centro antigo muito agradável, cheio de lojas, restaurantes e feiras de rua.

A maior concentração de restaurantes, com mesas ao ar livre, fica nos arredores da Place d’Horloge (Praça do Relógio), onde se localiza o Hôtel de Ville (Prefeitura) e um bonito carrossel em estilo Belle Époque.

E se quiser fazer compras, a principal rua da cidade é a Rue de la République, a qual concentra a maioria das lojas de redes europeias.
Châteauneuf-du-Pape
A apenas 30 minutos de Avignon, fica Châteauneuf-du-Pape, famosa pelo vinho ali produzido, que recebe o nome da cidade.

A história do vinho Châteauneuf-du-Pape teve início em torno de 1315, quando o Papa João XXII ordenou a construção de um castelo ao norte da cidade para servir como casa de veraneio dos Papas. É claro que, ao redor da propriedade, foram plantadas parreiras para produção de vinho para consumo do castelo (o chamado “Vin du Pape) – e não pensa que o papa e seus convidados bebiam pouco: eram encomendados cerca de 3 mil litros por ano!

No fim, o vinho acabou tornando-se famoso e apreciado mundialmente, sendo o primeiro produto a receber a AOC francesa (Appellation d’origine contrôlée – Denominação de Origem Controlada). O objetivo desse selo era proteger os viticultores locais, estabelecendo regras para a produção de vinho, como a permissão do uso de 13 variedades distintas e volume de álcool mínimo de 12,5% (o mais alto de toda a França).
O passeio por ali resume-se a apreciar as belas paisagens repletas de parreirais, visitar algumas vinícolas e degustar os vinhos da região.

Minha dica é, antes de ir, pesquisar quais vinícolas recebem visitantes “avulsos” (sem ser de excursão) e se é necessário marcar horário.
Tivemos um pouco de dificuldade para encontrar uma para visitar, pois as duas primeiras em que paramos só atendiam mediante reservas prévias.

No fim, encontramos a vinícola Domaines Mousset, localizada no Château des Fines Roches, onde conseguimos provar e comprar alguns vinhos.

Encerrado o passeio, seguimos viagem por uma hora até Aix-en-Provence, nosso próximo destino (que só conseguimos conhecer mesmo no dia seguinte, pois chegamos na cidade já para o jantar).
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