Jardins de Monet em Giverny: tudo que você precisa saber

Jardins de Monet em Giverny: tudo que você precisa saber

13 de julho de 2023 0 Por Passagem Comprada

Quem nunca se encantou com as lindas pinturas impressionistas de Claude Monet retratando paisagens idílicas com flores e lagos em meio ao verde? Pois saiba que muitas dessas obras foram pintadas na casa do artista em Giverny e que é possível, ainda hoje, passear pelo cenário de alguns dos quadros mais famosos da história! Nesse post vou te contar tudo sobre a visita aos Jardins de Monet em Giverny, incluindo dicas do que conhecer nos arredores, caso possa estender um pouquinho seu passeio.

Jardins de Monet Jardins da água

Claude Monet, o mais famoso dos pintores impressionistas, viveu na pequena cidade de Giverny, a 70km de Paris, por 43 anos (de 1883 a 1926). Ali, ao redor de sua casa, cultivou, com todo o cuidado de um artista, jardins majestosos formados pelas mais belas composições de cores, espaços e sombras, os quais serviram de inspiração para muitas de suas obras.

Apesar de terem ficado abandonados após a morte de Monet, os jardins e a casa do artista foram completamente restaurados a partir de 1977 e, em 1980, abriram pela primeira vez ao público dentro da recém criada Fundação Monet.

Fondation Monet

Quando visitar os Jardins de Monet?

É importante saber que a Fundação Monet fica fechada durante o inverno, funcionando diariamente de 1º de abril a 1º de novembro, das 9h30 às 18h (última entrada às 17h30). Ainda assim, sempre confirme essas datas no site oficial, pois podem mudar de ano para ano.

As épocas em que os jardins ficam mais bonitos são a primavera e o verão, especialmente entre maio e agosto. É claro que esse também é o período mais cheio de turistas!

Primavera nos Jardins de Monet

Como chegar a Giverny?

Para chegar até Giverny partindo de Paris sem carro, é preciso pegar um trem na Gare Saint-Lazare e descer na estação de Vernon, que fica a 7km dos jardins de Monet. Dá para conseguir passagens a partir de 10€ o trecho, com duração de 50 minutos, mas normalmente comprando no dia ou em cima da hora as opções ficam mais limitadas.

Em Vernon, você pode pegar um táxi, alugar uma bicicleta, ou escolher entre os ônibus que fazem o trajeto até Giverny e o Petit Train Touristique (trenzinho turístico que faz um tour comentado por Vernon e Giverny). Essas duas últimas opções – ônibus e trenzinho – custam 10€ ida e volta.

Caso alugue um carro, calcule um tempo de trajeto aproximado de 2 horas a partir de Paris. Há grandes estacionamentos gratuitos em Giverny, então não precisa se preocupar com isso.

Giverny
Olha que coisa horrível a paisagem entre o estacionamento e os jardins de Monet

Quanto custam os ingressos?

A visita à Fondation Monet (que inclui a casa e os jardins do artista) custa 11€ para adultos e 7€ para estudantes e crianças de 7 a 17 anos.

Os ingressos podem ser comprados pela internet (o valor para adultos passa para 11,50€) ou diretamente na bilheteria. A vantagem de comprar antecipadamente é ter uma entrada especial, sem a necessidade de fila (eu fui em uma quinta-feira de primavera, em torno das 11h30 e tinha uma espera de mais ou menos 20 minutos para quem estava sem ingresso). A desvantagem, além dos 0,50€ a mais, é ter que marcar um horário fixo (o que pode ser um problema se você vem de Paris e precisa calcular exatamente o tempo de deslocamento).

Uma informação importante é que, mesmo não havendo mais ingressos disponíveis no site, ainda é possível comprar pessoalmente na bilheteria.

Lembrando que malas e sacolas muito grandes não são permitidas e não há guarda-volumes no local.

Como é a visita aos Jardins de Monet?

Clos Normand

Assim que passei pela revista de bolsas e entrei na Fondation Monet, fui imediatamente enfeitiçada pelo Clos Normand, o jardim mais próximo à casa do artista, que reúne uma variedade incontável de flores maravilhosas. Papoulas, lírios, peônias, rosas e tantas outras espécies que não sei o nome decoram cada centímetro do local.

Jardins de Monet Giverny

Em toda sua paixão pela jardinagem, Monet aplicou seus conhecimentos de pintura para criar em seus jardins efeitos de perspectiva, destacar sua casa e intensificar as sombras de certas áreas, além de caprichar na paleta de cores. Então, você já pode imaginar o que é a beleza do lugar né!

Flores

Entre os canteiros, caminhos demarcados garantem que os visitantes possam passear em meio às plantas sem causar estragos.

Clos Normand Jardins de Monet

O trajeto é curto, mas a gente para tantas vezes para tirar fotos que até parece que o lugar é maior do que é. Gostei que algumas passagens são fechadas com correntes, como embaixo desses arcos vegetais da foto abaixo, o que permite que a gente tire fotos sem uma multidão atrás.

Jardins de Monet

– Jardin d’Eau

No final do caminho (que na verdade é a entrada para quem vem em grupo ou com ingresso antecipado), uma escadinha conduz os visitantes para uma passagem subterrânea que atravessa a estrada, levando ao famoso Jardin d’Eau (Jardim da Água).

Essa parte da propriedade foi adquirida por Monet posteriormente, em 1893, para que ele pudesse usar o pequeno braço do rio Epte, o Rû, na elaboração de um espaço baseado na água, com todos os jogos de luzes e reflexos que o artista tanto gostava.

Jardim da Água Monet

Após conseguir autorização do governo local para desviar o curso d’água e criar pequenos lagos, Monet desenhou seu jardim inspirado nas gravuras japonesas que tanto amava.

Plantou bambus, ginkgos biloba, bordo e salgueiros chorões, criando uma atmosfera que lembra muito os jardins orientais que vi quando viajei para o Japão.

Salgueiro nos jardins de Monet

Às margens do lago, a tão retratada ponte japonesa, pintada de verde, atrai uma multidão de visitantes buscando os melhores cliques. Aliás, no final de maio as folhagens em cima dessa ponte ficam carregadas de glicínias lilases, coisa mais linda.

Ponte japonesa nos jardins de Monet

Como visitei no fim de junho, as glicínias já tinham caído, mas pude admirar outras das flores símbolo dos jardins de Monet: as ninfeias, nenúfares ou lírios d’água.

Essas flores foram objeto de inúmeras obras do artista, que começou a pintá-las em 1897, sempre buscando recriar a atmosfera presente no limite quase invisível entre a água, o ar, o céu e os pontos de cor trazidos pela vegetação.

Ninféias no Jardim de Monet

Você pode observar as ninfeias de Monet em diversos museus pelo mundo, mas a mais importante série sobre o tema está no Museu de l’Orangerie, que fica no Jardin des Tuilleries em Paris.

Essa parte do passeio é a mais concorrida, então, caso vá em um belo dia de primavera ou verão, não espere conseguir tirar fotos “recriando” as pinturas do artista: haverá visitantes caminhando em todas as margens do lago e em cima das pontes! Sua melhor chance é estar lá na hora que abre e correr para o Jardin d’Eau.

Jardins de Monet - jardin d'eau

– Casa de Monet

Por fim, retornei à área do Clos Normand para conhecer o interior da bela casa cor-de-rosa em que Monet viveu por tantos anos com a sua grande família.

Casa de Monet em Giverny

A visita começa pelo salão de leitura, conhecido como “pequena sala azul”, e pela despensa, onde eram guardados itens delicados, como azeite de oliva e especiarias.

Na sequência, seguimos para o primeiro atelier do artista, onde trabalhou até 1899 e que foi depois transformado em sala de visita. Esse ambiente foi cuidadosamente reconstituído para mostrar perfeitamente como era na época em que Monet vivia ali, sendo que 80% dos móveis usados já estavam no local.

Casa de Monet ATelier

Adorei observar os mais de 60 quadros pendurados nas paredes, com réplicas de obras do próprio artista escolhidas a dedo com base em fotografias e pesquisa minuciosa para estabelecer inclusive a posição de cada uma na sala.

Atelier Monet

Subindo para o primeiro andar, impossível não se encantar com o quarto de Claude Monet e suas enormes janelas voltadas para os jardins! Fiquei imaginando a inspiração do artista ao acordar todas as manhãs e se deparar com todo aquele verde!

Jardins de Monet vistos do quarto

Nas paredes, obras de grandes pintores, amigos de Monet, como Renoir e Cézanne, deixam o lugar ainda mais mágico.

Quarto de Monet

Dali, visitam-se os banheiros de Monet e de sua esposa Alice, o quarto dela e uma pequena peça destinada à costura. Por fim, ainda nesse andar, foi aberto ao público recentemente o quarto de Blache Hoschedé-Monet, nora, enteada e aluna de Monet.

De volta ao térreo, pudemos conhecer a linda sala de jantar da casa, recriada nos mínimos detalhes, toda pintada de amarelo e com as paredes cobertas das gravuras japonesas que Monet tanto gostava, incluindo a muito famosa “A Grande Onda de Kanagawa”, de Katsushika Hokusai.

cozinha

E para encerrar a visita, passamos pela bela cozinha de azulejos azuis, com um enorme fogão à lenha, uma lareira e alguns utensílios da época.

cozinha do monet

Antes de ir embora, todos os visitantes dão um pulinho no Atelier des Nymphéas, um enorme espaço, de 300m², que serviu como local de trabalho para Monet em seus últimos anos de vida. Lá funciona, atualmente, a loja de lembrancinhas, que é para deixar qualquer um doido (e pobre!).

lojinha de souvenir

A cidade de Giverny

Saindo dos jardins de Monet, você pode dar uma voltinha pela minúscula cidade de Giverny, que é formada, basicamente, pela rua Claude Monet.

Por ali há alguns ateliers de artistas, restaurantes bonitinhos cheios de flores e o Museu dos Impressionismos, dedicado – adivinha a que? – ao movimento impressionista! Além das obras, o museu conta também com um jardim bem legal.

Musee des Impressionismes
Jardim do Musée des Impressionismes
Atelier de artistas em Giverny2
Um dos diversos ateliers da cidade

Eu almocei em um restaurante muito tradicional, o Ancien Hôtel Baudy, onde vários artistas famosos costumavam se hospedar. Figuras como Rodin, Cézanne, Renoir, Sisley e o próprio Monet frequentavam os bailes no salão principal, jogavam tênis nas quadras adjacentes e trabalhavam no atelier localizado nos fundos.

Ancien Hôtel Baudy

Aliás, se você tiver a oportunidade de entrar no restaurante, não deixe de sair para o pátio no fundo do prédio para conhecer o belo jardim e a casinha que abrigava o atelier. Ele está tão completinho que dá a impressão de que podemos cruzar com Monet por ali a qualquer momento.

Ancien Hotel Baudy Giverny
Atelier no Ancien Hotel Baudy

Como eu estava de carro, a caminho de Honfleur no norte da Normandia, aproveitei para explorar um pouquinho mais a região e visitei dois lugares muito bonitos.

Le Vieux Moulin de Vernon

O primeiro, a apenas 10 minutos de Giverny, é o antigo moinho de Vernon (Le Vieux Moulin de Vernon), construído em 1566.

A paisagem é muito bonita, com o moinho em estilo enxaimel suspenso sobre as ruínas de uma antiga ponte de pedra que costumava atravessar o Rio Sena. É claro que o lugar não passou desapercebido aos olhos dos artistas que frequentavam a região, que adoravam retratar em suas pinturas o belo moinho. É o caso de Eugène Blery, William Turner e, como sempre, Claude Monet.

Le Vieux Moulin de Vernon

Aliás, essa é uma oportunidade de ver de pertinho o Sena (o famoso rio que atravessa Paris) em seu caminho pelo interior da Normandia.

Pier em Vernon

De um lado do moinho, há um pequeno píer cheio de lanchas e veleiros e um castelo do século XII, o Château des Tourelles. Do outro, um parque com muito verde, super agradável para relaxar por uns minutos observando o vai e vem dos patinhos.

Le Vieux Moulin de Vernon
Le Vieux Moulin de Vernon
Château des Tourelles
Château des Tourelles

Château Gaillard em Les Andelys

A segunda parada que fiz foi um pouco mais distante, a 25 minutos dos Jardins de Monet, no Château Gaillard.

Construído entre 1196 e 1198 por Ricardo Coração de Leão, rei da Inglaterra e Duque da Normandia, esse castelo/fortaleza tinha a função de proteger o acesso à cidade de Rouen (capital do ducado) pelo Rio Sena, que vinha de Paris. Era um período de fortes disputas territoriais entre os franceses e os anglo-normandos.

Château Gaillard

Atualmente, restaram apenas as ruínas do local, que podem ser visitadas de quarta a domingo, das 10h às 12h30 e das 14h às 18h, pelo valor de 3,50€.

Mas o grande destaque mesmo é a vista que se tem do estacionamento do castelo, de onde é possível observar uma importante curva do Rio Sena e a linda cidade de Les Andelys lá embaixo.

Les Andelys

A paisagem é sensacional, parece algo saído de um filme da Disney!

Les Andelys

Se quiser ter uma ideia do tempo total que levei para fazer esse passeio, desde a chegada em Giverny, incluindo a visita aos jardins de Monet, almoço no Ancient Hôtel Baudy, e paradas rápidas no moinho de Vernon e no Château Gaillard: foram 4 horas e meia.

Para uma perspectiva mais realista, adicionando o tempo de trâmites na agência de aluguel de carro e a viagem até Giverny, posso te contar que cheguei na Hertz da Gare de Montparnasse às 9h, dei a largada em Paris às 10h, cheguei nos jardins de Monet às 12h e saí de Les Andelys rumo à Honfleur às 16h30.

Espero ter ajudado na preparação do seu roteiro! Se tiver dicas extras para acrescentar ou alguma dúvida, deixa uma mensagem aqui nos comentários!

* A visita aos Jardins de Monet foi feita a convite da Fondation Monet, mas todo o relato aqui apresentado traz as nossas impressões reais de viajantes sobre a experiência no local *

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