O que fazer em Rouen, a capital da Normandia
Localizada às margens do Rio Sena, riquíssima em arte (gratuita) e história, Rouen merece ser incluída em qualquer roteiro por essa região da França. Nesse post, vou te mostrar as ruelas medievais da capital da Normandia, museus, igrejas e outros pontos de interesse, para que você possa preparar sua viagem e saber direitinho o que fazer em Rouen.
Muita gente escolhe Rouen para servir como base em um roteiro pela Normandia, pois é uma cidade vibrante, com muitas opções de hospedagem, bares e restaurantes, o que garante um conforto extra no final de um dia de passeios. Além disso, sua localização central permite deslocamentos de menos de 1h30min até cidades como Étretat, Giverny e Honfleur.
Caso queira apenas fazer um bate e volta partindo de Paris, essa também é uma ótima opção! Em mais ou menos 1h30min você pode fazer a viagem de trem entre a Gare Saint Lazare, na capital francesa, e a cidade de Rouen.
Na época em que viajei pela Normandia, estava ocorrendo um grande evento náutico em Rouen, o que deixou a cidade completamente lotada. Assim, mesmo procurando com mais de dois meses de antecedência, não consegui hospedagem por lá.
Em razão disso, fiz um bate e volta de carro saindo de Honfleur, onde acabei me hospedando, e foi o suficiente para conhecer e me apaixonar pela cidade!
Roteiro de um dia em Rouen
Bom, vamos começar nosso roteiro pela Place du Vieux Marché, onde tem um estacionamento subterrâneo bem grande de fácil acesso para quem chega de fora da cidade. Esse local fica a pouco mais de 10 minutos de caminhada da estação de trem.
Foi na Place du Vieux Marché que Joana d’Arc foi queimada pelos ingleses, em 30 de maio de 1431, em razão de alegadas atividades ligadas à feitiçaria.
Em sua homenagem, foi construída na praça a Église Sainte-Jeanne d’Arc, em 1979, com uma arquitetura moderna que desagradou parte dos moradores da cidade. Seu teto tem um formato de barco virado de cabeça para baixo, o que, apesar de fugir um pouco dos padrões normais das igrejas, tem tudo a ver com Rouen, que é uma cidade portuária ligada diretamente ao Rio Sena.
Dentro da igreja chama a atenção um conjunto de vitrais renascentistas do século XVI, recuperados da antiga Église Saint-Vincent, destruída em 1944 durante a Segunda Guerra Mundial.
A Place du Vieux Marché é muito pitoresca, cercada das casas enxaimel típicas da região, todas ocupadas por lojinhas, bares e restaurantes.
Aliás, uma curiosidade: Rouen é a cidade francesa com o maior número de casas enxaimel (chamadas “maisons à colombages” ou “maisons à pans de bois”), sendo mais de duas mil registradas oficialmente. E esse número poderia ser ainda maior, pois pelo menos setecentas foram destruídas durante a Segunda Guerra Mundial!
Na praça você também vai encontrar um pequeno mercado coberto, que vende frutas, verduras, carnes, peixes e outros produtos frescos. Funciona de terça a domingo, fechando apenas na segunda-feira.
Saindo da Place du Vieux Marché, vamos mergulhar no coração do centro histórico de Rouen, pegando a Rue du Gros Horloge. Essa rua é cheia de lojas, todas instaladas em belas casas enxaimel coloridas.
Recomendo uma espiadinha na Chocolaterie Auzou, que tem doces lindos e deliciosos!
Após alguns metros de caminhada, cruzará o arco renascentista do Gros Horloge, um grande relógio astronômico que mostra as horas aos habitantes de Rouen desde o século XIV. Ao lado dele, o campanário gótico oferece belas vistas da cidade a quem quiser visitá-lo.
No final da Rue du Gros Horloge, você chegará à Place de la Cathédrale e, obviamente, à Cathédrale Notre-Dame de Rouen, local mais famoso da cidade. Construída no século XII (e reconstruída parcialmente diversas vezes), a catedral já foi o prédio mais alto do mundo, permanecendo, ainda hoje, como a maior igreja da França e a quarta maior do mundo.
A vista que se tem da praça é uma imagem que talvez você já tenha observado em algum museu por aí: Claude Monet pintou uma série de quadros da Catedral de Rouen (mais de trinta!), entre 1892 e 1893, com o objetivo de captar as mudanças de luz sobre a fachada conforme as horas do dia e as condições climáticas. A grande maioria das obras foi realizada a partir da janela de quartos localizados em frente à fachada oeste da catedral.
Depois de observar e fazer uma ginástica para fotografar a “pequena” Catedral Notre-Dame de Rouen (a grande flecha central chega a 150 metros de altura), chegou a hora de conhecer a bela construção gótica por dentro. A entrada é gratuita, e você pode explorar as diversas capelas laterais e descobrir os túmulos de alguns dos mais importantes Duques da Normandia, incluindo o de Ricardo Coração de Leão (cujo coração supostamente está preservado ali dentro).
A iluminação do templo é garantida por uma bela rosácea colorida e pela Torre Lanterna, cheia de janelinhas que permitem a entrada de luz natural na igreja.
Quando terminar sua visita e sair novamente na praça, caminhe em direção ao fundo da catedral pela Rue Saint-Roman, cheia de casas em estilo enxaimel dos séculos XV a XVIII. Nessa rua fica também o Historial Jeanne D’Arc, uma exposição interativa que conta a vida da heroína francesa que foi morta na cidade.
Ao final dessa rua, você estará em frente à Église Saint-Maclou, construída entre 1437 e 151 em estilo gótico flamboyant. A sua fachada é lindíssima, formada por um portal com cinco arcos e portas de madeira esculpida.
Curta o momento na Place Barthélemy e na Rue Martainville, cheias de restaurantes e cafés, tudo lindamente posicionado em casas enxaimel coloridas. Parece o cenário da Bela e a Fera!
Alguns passos mais adiante, fica o Aître Saint-Maclou, um cemitério (ou ossuário = “aître”) construído no século XIV para receber a população dizimada pelas guerras, pela fome e pela peste negra, que assolaram a região nessa época. Este é um dos últimos cemitérios em galerias da França, classificado Monumento Histórico do país.
É muito interessante caminhar entre as colunas do Aître Saint-Maclou e observar as imagens assustadoras presentes em alto relevo, formando o que se chamava de “dança macabra”: um conjunto de representações de esqueletos e outros símbolos que lembram a morte.
Apesar de parecer estranho, o clima lá é bem leve, havendo inclusive restaurantes e galerias de arte no local (tem um jardim bastante agradável).
Se você gosta de visitar feiras de produtores locais, saiba que a uma quadra dali fica o Marché Saint-Marc, que funciona às terças, sextas, sábados e domingos pela manhã. É uma oportunidade de ver onde os moradores da cidade fazem suas compras e admirar as lindas frutas, legumes, queijos, salames e pães dos franceses.
Daqui, vamos fazer uma caminhadinha de uns 15 minutos voltando para a área mais central, com uma pausa para observar a bela Abbatiale Saint-Ouen, mais uma impressionante igreja em estilo gótico, construída no século XIV.
Além de sua altura, que chega quase à da Catedral de Notre-Dame de Paris, a igreja é famosa por sua série de vitrais e pelo grande órgão Cavaillé-coll, um dos maiores da França.
Já deu para perceber que Rouen é cheia de igrejas imponentes né? Não é para menos que Victor Hugo carinhosamente a apelidou de “la ville à cent clochers”, ou “a cidade de cem campanários”.
Nosso destino agora é um verdadeiro presente de Rouen para os moradores e visitantes: o Museu de Belas Artes, completamente gratuito em todos os dias do ano (ele abre de quartas a segundas, das 10h às 18h).
Ali, em frente à praça Charles Verdrel, você vai encontrar a mais importante coleção impressionista fora de Paris, com obras de Monet, Pissarro, Renoir e Sisley, incluindo uma das pinturas da Catedral de Rouen feitas por Monet em 1892 (já pensou que legal poder ver o quadro e o local retratado no mesmo dia?).
Fora isso, há obras de alguns dos artistas mais famosos da história, como Caravaggio, Velasquez, Rubens, Delacroix, Modigliani e Degas.
Aliás, o Musée des Beaux-Arts é apenas um dos 12 museus gratuitos da cidade de Rouen! Logo ao lado, por exemplo, fica o Musée Le Seq des Tournelles, um museu instalado dentro de uma igreja gótica que mantém em exposição mais de 16 mil peças em ferro produzidas em todas as partes da Europa e do Oriente, desde o período Gallo-Romano até o século XX.
Para matar a vontade de um docinho e provar uma das especialidades francesas, faça uma parada na Boulangerie et Pâtisserie Emma para provar uma “choux” recheada. A “choux” é como uma carolina e essa confeitaria tem diversas opções de sabores. Eu me apaixonei pela de framboesa!
No seu caminho de volta para o estacionamento (ou em direção ao rio Sena), preste atenção no grande prédio do Palais de Justice, antiga sede do Parlamento da Normandia. Ele é considerado uma das mais importantes realizações da arquitetura civil do fim da Idade Média, tendo sua construção iniciado em 1499 (ala oeste).
Até aqui, esse roteiro levou em torno de 6 horas, incluindo pausa para almoço.
Se você tem interesse em fazer compras e tiver um tempinho sobrando, vai gostar de saber que Rouen tem lojas das principais redes presentes na França, como Mango, Zara, Decathlon, H&M, e muitas outras. Elas se concentram especialmente na Rue du Gros Horloge e na Rue des Carmes.
Como mencionei no início do artigo, no dia da minha visita estava ocorrendo um evento enorme, que acontece a cada 4 ou 5 anos desde 1989: a Armada Rouen. É uma verdadeira reunião de veleiros famosos (e até históricos) do mundo inteiro, que ficam ancorados no Rio Sena e podem ser admirados gratuitamente por todos. Além disso, há atividades pagas, como visita aos veleiros, passeios e jantares.
Ao longo do evento, que dura alguns dias, ocorrem apresentações musicais, shows de fogos de artifício e muitas outras coisas legais. A Armada culmina com um desfile dos barcos, que, no último dia, partem de Rouen pelo Sena em direção ao mar, em uma viagem de 110km que passa por diversas cidades da Normandia.
Fiquei impressionada com o número de pessoas que participaram: as margens do Sena estavam tão lotadas que mal dava para se mexer! Por sorte, não incomodou nosso passeio no centro da cidade (apesar de todos os restaurantes estarem cheios na hora do almoço).
Por isso é sempre bom se planejar e pesquisar antes de viajar para saber da existência desse tipo de evento, pois nos dá a possibilidade de escolher se queremos participar ou se é melhor evitar dias de festa para não se incomodar com multidões!
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