O que fazer em Estrasburgo em um dia

24 de novembro de 2019 0 Por Passagem Comprada

Localizada na fronteira com a Alemanha, a cidade de Estrasburgo, junto com a região da Alsácia, passou de mãos francesas para alemãs (e vice-versa) diversas vezes ao longo da história, o que acabou por deixar um legado cultural, arquitetônico e gastronômico extremamente rico. Quem visita a cidade tem a oportunidade de vivenciar um pouco de seu passado medieval, ficar maravilhado com a beleza dos canais do Rio Ill, cercados de casinhas em estilo enxaimel, e ainda curtir o clima fervilhante de uma das sedes do Parlamento Europeu e da segunda maior população estudantil da França. E foi justamente para ajudar você a organizar seu passeio por lá que escrevi esse post com meu roteiro completo e muitas dicas de o que fazer em Estrasburgo em um dia.

Como chegar a Estrasburgo?

Para chegar em Estrasburgo, você pode ir diretamente de avião (a cidade tem um aeroporto) ou fazer uma curta viagem de trem ou carro partindo de outras grandes cidades europeias.

Deixo abaixo alguns exemplos de tempo de viagem de trem:

Paris: 1h 46 min
Charles de Gaulle airport: 1h 50 min
Brussels: 3h 30 min
Luxembourg: 1h 35 min
Frankfurt: 1h 48 min
Munich: 3h 30 min

E de carro:

Zurich: 1h 30 min
Berna: 1h 30 min
Frankfurt: 2h 15 min
Brussels: 4h 30 min
Munich: 4h
Milan: 4h 30 min

Eu, particularmente, cheguei de avião em Frankfurt, por ser a opção mais barata, e depois segui até Estrasburgo de trem. A estação é bem perto das principais atrações da cidade, o que facilita inclusive eventual bate-e-volta, caso você não queira dormir por lá.

Onde ficar?

Como Estrasburgo foi apenas a primeira das diversas cidades que visitei na região da Alsácia, escolhi um hotel a 5 minutos da estação (para não precisar de táxi na chegada) e a mais uns 5 minutos do centro histórico, assim andei todo o tempo a pé por lá!

Fiquei no Hotel Ibis Styles Strasbourg Centre Petite France (os Ibis Styles em geral se mostraram ótimas opções no interior da França!), com café da manhã (incluindo suco de laranja natural espremido na hora), vista da cidade e ótima localização.

Meu roteiro de um dia em Estrasburgo

– PONTS COUVERTS E BARRAGE VAUBAN

Comecei o meu passeio por Estrasburgo bem na pontinha da Grande-Île, onde fica o centro histórico.

Entre o Museu de Arte Moderna e Contemporânea e as Ponts Couverts, fica a Barrage Vauban, construída no século 17 com base em planos do principal engenheiro militar da época, Sébastien Le Prestre de Vauban. Supostamente, essa barragem conseguiria alagar toda a extremidade sul da cidade para evitar a entrada de invasores, caso isso viesse a ser necessário!

Hoje em dia, restaurada e aberta à visitação gratuitamente, a barragem oferece, em seu terraço (Terrace Vauban), um ótimo ponto de observação da cidade, especialmente dos canais de Petite France e das Ponts Couverts (mas é possível enxergar até a famosa Catedral!).

Além disso, à noite ela recebe uma iluminação especial.

A poucos passos da Barrage Vauban, estão as Ponts Couverts (ou Pontes Cobertas), construídas entre 1230 e 1250 e protegidas por três torres medievais do século XIV, remanescentes das muralhas que defendiam a então independente República de Estrasburgo.

Apesar do nome, as pontes não têm mais seus telhados desde o século XVIII, mas seguem sendo um local muito visitado pelos turistas em razão da bonita vista de Petite France que se tem a partir dali, especialmente em razão dos canais do Rio Ill.

Vista das Ponts Couverts — Um dos canais do Rio Ill visto das Ponts Couverts

– PETITE FRANCE

A região de Petite France é, para mim, a mais pitoresca de Estrasburgo, repleta de casinhas em estilo enxaimel dos séculos XVI e XVII, ruelinhas estreitas com restaurantes e lojinhas simpáticas, tudo entremeado por canais e decorado com muitas flores.

Classificada como Patrimônio Mundial pela UNESCO, a Petite France era o bairro onde viviam os pescadores, moleiros e curtidores de pele, que tanto necessitavam de acesso à água do rio para realizar seu trabalho.

Caminhe pela Rue des Moulins, observando alguns do moinhos da cidade, vá até a Maison des Tanneurs, um dos mais belos exemplos de casas enxaimel da cidade (chamadas em francês de “maisons à colombage”) e depois caminhe tranquilamente pela Rue du Bain-aux-Plantes e pela Rue de Dentelle, curtindo o comércio local e quem sabe parando para uma refeição em um dos ótimos restaurantes de culinária alsaciana.

Na Rue de Dentelle, entre na Mireille Oster Pain d’Épices, uma butique finíssima especializada em um dos principais produtos da região: o “Pain d’Épices”, uma espécie de pão de mel ou “gingerbread” bem característico, cheio de especiarias. A loja é linda e você pode provar algumas das iguarias que estão à venda. Recomendo o ovo de cegonha de chocolate meio amargo recheado de caramelo salgado. É de lamber os beiços!!!

Mireille Oster STrasbourg — Dentro da loja Mireille Oster

Nessa mesma rua, indico também o restaurante Chez Tante Liesel, de comida caseira alsaciana. O atendimento é familiar e o clima do local é super intimista, isso sem falar nos pratos, que estavam deliciosos. Como o restaurante é bem pequeno, é interessante fazer reserva.

– GRAND RUE E PLACE GUTENBERG

Saindo de Petite France, você pode fazer uma bela caminhada pela Grand Rue, uma das principais ruas de comércio da cidade. Após passar por muitas lojas bem francesas, cafeterias, padarias e mercearias, chega-se à Place Gutenberg, facilmente identificável pela grande estátua em bronze do famoso inventor alemão, considerado o pai da imprensa. Na praça, fica também a Câmara de Comércio e da Indústria da Alsácia e um carrossel muito bonito, que traz um clima sempre festivo.

Bem em frente à Place Gutenberg, pegue a Rue Mercière, cheia de casas em estilo enxaimel transformadas em lojinhas de souvenirs e restaurantes, e aproveite uma das melhores vistas da imponente Catedral de Estrasburgo.

– CATEDRAL DE ESTRASBURGO E ARREDORES

Catedral gótica mais antiga do mundo, a Cathédrale Notre-Dame-de-Strasbourg é o símbolo da cidade e parada obrigatória no roteiro de qualquer visitante. Construída na Idade Média, entre 1015 a 1439, ela conta com uma torre de 142 metros de altura, que lhe deu o título de mais alta do Ocidente até 1880, quando foi ultrapassada pela Catedral de Colônia, na Alemanha. Hoje é a quarta maior igreja do mundo.

Por fora, a catedral já é um espetáculo, cheia de detalhes esculpidos (especialmente na porta) e toda feita com um tipo de arenito rosa chamado “grès des Vosges”, que apresenta colorações ligeiramente distintas dependendo da luminosidade do dia.

Lá dentro, os grandes protagonistas são os vitrais que fazem toda a volta na igreja (com destaque para enorme rosácea da fachada), os grandes órgãos restaurados por Silbermann no século XVIII e o famoso relógio astronômico, obra de arte do Renascimento, construído em uma colaboração entre artistas, matemáticos e técnicos.

Catedral de Estrasburgo4 — Rosácea e órgão

Aliás, todos os dias (com exceção do domingo), há uma apresentação do relógio às 12:30, antecedida por um vídeo explicativo que começa ao meio-dia. O valor é de 3€ por pessoa (menores de 6 anos não pagam).

Relógio Astronônico EstrasburgoRelógio Astronônico Estrasburgo — Relógio Astronômico

É possível também subir em uma plataforma de observação no alto da catedral para ver a vista da cidade. São 330 degraus (66m de altura) e custa 5€.

Fora esses dois itens pagos, a visita à catedral é gratuita e pode ser feita nos seguintes horários: de segunda a sábado, das 8h30 às 11h15 e das 12h45 às 17h45, domingos e feriados das 13h30 às 17h30, sem apresentação do relógio astronômico às 12h30!

Para almoçar bem pertinho da catedral, dê uma olhada na Rue du Maroquin, onde há alguns restaurantes bem interessantes. Eu comi no Le Gruber, que serve culinária típica da Alsácia. Provei as famosas Tartes Flambées (espécie de pizza com massa bem fininha e coberta de creme fresco ao invés de molho de tomate) e um frango ao molho de vinho Riesling (típico da região) com cogumelos e spätzle (aquela massinha alemã – também muito consumida na Alsácia).

Logo em seguida, você chegará à Place du Marché-aux-Poissons, onde fica o píer da empresa Batorama, que oferece passeios de barco pelos canais de Estrasburgo. Parece ser bem legal, mas decidi não fazer pois estava chovendo.

Ao lado da praça, você vai avistar o Palais Rohan, palácio construído em 1742 que já foi residência de cardeais, sede da prefeitura e que hoje abriga três museus: Musée des Arts Décoratifs, Musée Des Beaux-Arts e Musée Archéologique.

– RUAS COMERCIAIS E PLACE KLÉBER

Saindo do Palais Rohan, minha sugestão é atravessar novamente a Place de la Cathédrale e caminhar pela Rue des Hallebardes e pela Rue des Grandes Arcades, ambas estilo calçadão, repletas de lojas interessantes (todas as principais marcas da Europa estão por ali).

Você logo vai chegar na Place Kléber, a maior praça do centro histórico de Estrasburgo, que recebeu seu nome em homenagem ao general Jean-Baptiste Kléber, nascido na cidade em 1753. No meio da praça, é claro, fica uma enorme estátua em bronze do general, embaixo da qual foi enterrado seu corpo, em 1838.

Também famoso nesta praça é o prédio chamado Aubette, construído entre 1765 e 1772 por Jacques François Blondel, arquiteto do rei Luís XV.

Nessa região, você vai encontrar ainda mais lojas, com destaque para as Galleries Lafayette, bem na esquina com a Rue des Francs Bourgeois (também comercial).

Como deu para perceber nesse meu relato, quem gosta de compras precisará de mais de um dia para explorar Estrasburgo… Hehe!

– PLACE BROGLIE E PLACE DE LA RÉPUBLIQUE

Continuando nossa caminhada pela cidade, seguimos para a Place Broglie, costeada por duas “paredes” de plátanos enfileirados e cercada de grandes mansões e prédios imponentes, como o Banque de France, a Prefeitura e Ópera de Estrasburgo. É um daqueles lugares que faz a gente ter certeza que está na Europa!

Atrás da Ópera, atravesse a Pont du Théatre e chegará à Place de la République, uma praça planejada a partir de 1883 pelas autoridades alemãs para acompanhar um grande projeto de urbanismo da cidade de Estrasburgo. Quando de sua inauguração, recebeu o nome de Kaiserplatz, passando a se chamar Place de la République em 1919, ano em que a Alsácia-Lorena voltou ao domínio francês (por um tempo, hehe).

Nos entornos da praça, você encontrará alguns prédios de grande importância histórica, entre eles o Palais du Rhin (antigo Palácio Imperial), a Biblioteca Nacional e Universitária de Estrasburgo e o Teatro Nacional de Estrasburgo.

A Place de la République, em si, é muito bonita, com um jardim circular, alguns canteiros de flores e muitas árvores centenárias, entre elas quatro ginkgo bilobas (que eu nunca tinha visto antes), doados pelo imperador Mutsuhito do Japão a Guilherme I da Prússia, em 1880.

Dali, voltamos em direção ao centro histórico pela Rue des Juifs, cheia de lojinhas e restaurantes simpáticos.

Para encerrar o dia, escolhemos um bom restaurante para jantar em Petite France (Chez Tante Liesel, que já mencionei) e depois demos uma passadinha nas Ponts Couverts para ver a Barrage Vauban iluminada.

uM DIA EM ETSRASBURGO — Petite France à noite

E esse foi o meu roteiro de um dia em Estrasburgo, realizado em um domingo (quase todas as lojas fechadas) de chuva. O domingo realmente não é o dia ideal para visitar Estrasburgo (ou qualquer cidade do interior, diga-se de passagem), porque o comércio fica todo fechado, a Catedral abre para visitação apenas à tarde e não há apresentação do relógio astronômico.

Por isso, até acho que, em um dia normal, talvez eu preferisse ficar dois dias na cidade, para ter tempo de olhar algumas lojinhas, assistir ao relógio da catedral em funcionamento e, se os tempo estivesse bom, fazer um passeio no Batorama. Mas, não havendo disponibilidade, garanto é possível sair bem satisfeito após fazer esse roteiro de um dia em Estrasburgo!