O que fazer na parte antiga de Dubai

Decidi começar o meu primeiro dia nas arábias com um passeio na parte antiga de Dubai, famosa pelas construções típicas e pelos mercados árabes. Pois é, muito antes de se tornar essa cidade moderna, cheia de arranha-céus e atrações turísticas, Dubai era uma simples vila de pescadores que viviam em volta de um canal (o Dubai Creek) e compravam seus mantimentos de mercadores dos países vizinhos, os quais se instalavam nos souks (mercados) para vender seus produtos.

Para chegar até lá, peguei o metrô no Dubai Mall (próximo ao meu hotel) e desci na estação Al Ras, em Deira.

DEIRA

Deira foi, até pouco tempo, o centro comercial de Dubai, mas nos últimos anos perdeu espaço para os grandes shoppings centers inaugurados ao longo da Rodovia Sheikh Zayed. De qualquer forma, lá ainda existem inúmeras lojas populares (e de aparência bem estranha) e os famosos mercados de ouro, tecidos, especiarias e perfumes.

Ao descer do metrô na estação de Al Ras, fiquei instantaneamente perdida. Havia diversas ruelinhas comerciais, muita gente na rua e nenhuma placa! Como sempre faço o download do mapa do local que vou visitar no Google Maps, não foi tão difícil encontrar o Gold Souk (mercado do ouro), primeiro ponto que eu queria conhecer naquele dia. Obviamente, tive que salvar alguns turistas que desceram do metrô comigo e não faziam ideia de para qual lado ir. Então já sabe: Google Maps com mapa “baixado” sempre!!!

A caminhadinha do metrô até o Gold Souk demorou menos de 5 minutos, mas foi o suficiente para eu cair no papo de um vendedor e ser completamente vestida com a roupa típica dos Emirados Árabes. Eles são realmente ligeiros! Mal perguntei o preço de um camelinho dourado e, quando vi, havia uma túnica sendo enfiada pela minha cabeça e um lenço sendo enrolado no meu cabelo. O que se seguiu foi muita insistência do vendedor, acompanhada de uma calculadora que diminuía o valor da roupa a cada negativa minha, e muito esforço da minha parte para me livrar daquilo tudo. Por fim me desvencilhei dos lenços, do vendedor e da loja e pude seguir adiante, já com duas lições aprendidas: não dar papo para os comerciantes (a não ser que realmente queira comprar alguma coisa) e pechinchar muuuuuito (eles baixam o preço dos produtos para menos de 50% do valor original).

Gold Souk

O Gold Souk é, na verdade, uma rua coberta, cheia de lojas de joias e comerciantes “atacando” as pessoas para tentar vender seus produtos. É bem interessante ver os enormes itens de ouro e pedras preciosas em exposição nas vitrines, e ficar imaginando as esposas dos sheiks cobertas de dourado.

Se realmente quiser comprar joias, pesquise bem os preços do ouro naquele dia e verifique se está valendo a pena – eles fazem a pesagem do produto na hora e calculam na sua frente o valor final. Além disso, não se arrisque aceitando as ofertas dos vendedores que ficam na rua. Melhor entrar nas lojas e perguntar preços lá dentro.

Mas, sinceramente, é tão desagradável andar por ali com aqueles vendedores enchendo o saco e tentando empurrar relógios e outros produtos para cima da gente, que considero que essa parte do passeio é bem rapidinha: é olhar e fugir!

Spice Souk

Após uma espiadinha na região do Perfume Souk, que na verdade é apenas uma concentração de lojas de perfumes (com aromas realmente muito especiais), fui caminhando pela ruelinhas do centro antigo, cheias de lojas de tecidos e outros artigos curiosos, até o Spice Souk, ou mercado das especiarias.

Esse sim oferece uma experiência visual e olfativa incrível!

O mercado das especiarias também é todo coberto, mas, diferente do Gold Souk, as lojinhas são abertas, com os produtos expostos no meio da rua, formando um verdadeiro arco-íris de cores e sabores. Além dos diversos potes com temperos, corantes, frutas secas e sementes, você vai ficar maravilhado com os lenços coloridos, almofadas, tapetes, luminárias e vários tipos de lembrancinhas incríveis para levar para casa.

Os vendedores, é claro, estão na frente de suas bancas oferecendo seus produtos, mas de uma maneira menos desagradável do que no mercado do ouro. E aqui a recomendação novamente é aquela: pechinche!

DUBAI CREEK E PASSEIO DE ABRA

Saindo dali, vá em direção à beira do Dubai Creek, o canal de água salgada que era o centro da economia de Dubai no início do século XX, onde chegavam centenas de barcos que faziam comércio com a Índia e a África. Você logo vai avistar os “abras”, barquinhos de madeira que fazem um serviço de táxi para atravessar o canal. Custa só AED 1 (pouco mais de R$ 1,00) e é um passeio imperdível.

Depois de embarcar no seu “abra” na Deira Old Souk Abra Station, junto com moradores da região, trabalhadores e turistas, é só curtir a travessia até Bur Dubai, que dura pouco menos de 10 minutos. É muito legal observar o vai-e-vem de barcos e mercadorias, além de se ter uma ótima vista das construções antigas de Dubai.

BUR DUBAI

Ao descer na estação de “abra” de Bur Dubai, siga para a esquerda por dentro do Souk, esse bem mais organizado e tranquilo do que os mercados de Deira. Talvez seja mais turístico e mais caro, não tenho certeza.

Se continuar caminhando nessa direção, vai passar em frente à Grande Mesquita (que de tempos em tempos toca um aviso bem alto para chamar os fiéis para a oração) e logo chegará ao Museu de Dubai (7 minutos a pé da estação de “abra”).

Museu de Dubai

Localizado no Forte Al Fahidi (de 1787), o Museu de Dubai é um passeio bem interessante para quem quer conhecer um pouquinho mais sobre a história da cidade e do emirado de mesmo nome. Além de ser pequeno, o museu custa bem baratinho (AED 3), então não vai nem tomar muito tempo do seu dia e nem afetar o seu orçamento.

No horário que cheguei, em torno de 13h, não havia qualquer fila.

Lá dentro, você vai encontrar reproduções de situações da vida das pessoas que moravam em Dubai antes do descobrimento do petróleo, como suas “casas” no deserto, em regiões agrícolas ou próximas ao mar. São expostos objetos, utensílios e armas usados na época, além de itens pré-históricos encontrados na região.

Se você tiver tempo e interesse, pode aprender muito com as apresentações multimídia e os textos informativos (em inglês) posicionados em cada sala – por exemplo: você sabia que uma das principais atividades dos habitantes de Dubai era o mergulho para a “pesca” de pérolas?

Distrito histórico de Al Fahidi

Uma quadra depois do Museu de Dubai, chega-se ao Al Fahidi Historical Neighbourhood (ou Al Bastakiya), uma das regiões mais antigas de Dubai, onde se pode ter uma ideia de como era o estilo de vida entre a metade do século XIX e os anos 1970 (quando se formaram os Emirados Árabes Unidos).

Nessa zona, a gente caminha por ruelinhas estreitas em meio a casas construídas em pedra e madeira, todas caracterizadas por suas enormes torres de vento, ou Barajeel, feitas para canalizar o ar para dentro das construções permitir a sobrevivência no terrível calor do deserto.

Atualmente, os prédios abrigam galerias de arte, sociedades culturais, cafés e restaurantes, além de receberem atividades e exposições sazonais (como a que ocorria quando estive lá).

Confesso que gostei bastante de passear por ali – havia pouquíssimos turistas e a atmosfera estava muito animada, cheia de decorações coloridas.

Arabian Tea House Restaurant & Café

No meio do meu passeio pela parte antiga de Dubai, parei para o almoço no Arabian Tea House, um restaurante muito bem avaliado no Trip Advisor, especializado em comida “emirati”.

Quando chegamos lá, às 14h, a espera por uma mesa estava em apenas 5 minutos, mas eu havia lido que o movimento é muito grande para o almoço. Felizmente, estávamos meio desregulados com o fuso horário e tivemos fome um pouco mais tarde que as outras pessoas!

O ambiente é lindo, com mesas na rua, rodeadas por panos azuis e brancos, dando a ideia de uma tenda chique e etérea.

Pedimos uns espetinhos de frango e ovelha com batata frita e pão árabe, e uma porção de humus (pastinha de grão de bico maravilhosa), tudo acompanhado de uma espécie de limonada com morango e melancia caríssima (uns AED 30) – no post sobre a preparação da viagem para Dubai, falo um pouco mais sobre os preços das coisas.

O sabor do churrasquinho era tão incrível que fomos obrigados a comprar uns temperos no supermercado depois para tentar reproduzir em casa, porque nunca havíamos provado um frango tão delicioso.

A comida era bem servida e custou AED 160 para duas pessoas.

Fora isso, como o nome diz, o lugar é também uma casa de chá, então pode ser uma ótima oportunidade para provar os famosos chás e cafés dos Emirados Árabes.

Para ir embora, foi só caminhar uns 7 minutos até a estação de metrô Al Fahidi – aqui embaixo você pode ver no mapa como tudo isso que mencionei é bem perto e pode ser visitado a pé:

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