Alsácia de carro: Ribeauvillé, Riquewihr e Kaysersberg

Alsácia de carro: Ribeauvillé, Riquewihr e Kaysersberg

11 de dezembro de 2019 0 Por Passagem Comprada

Depois de um dia inteiro para explorar Estrasburgo a pé, fomos até a locadora de veículos e iniciamos o primeiro dia do nosso roteiro pela Alsácia de carro, que incluiu paisagens deslumbrantes, vinícolas, castelos medievais e alguns dos vilarejos mais lindos que já vi. Entre Estrasburgo e Colmar, paramos para visitar o Château du Haut-Koenigsbourg e as cidades de Ribeauvillé, Riquewihr e Kaysersberg.

Bora conhecer um pouco mais sobre esses lugares incríveis?!

CHÂTEAU DU HAUT-KOENIGSBOURG

A 40 minutos de carro de Estrasburgo, fica o mais famoso castelo da Alsácia, o Château du Haut-Koenigsbourg. Construído no século XII, esse castelo fortificado foi palco de diversos conflitos entre senhores, reis e imperadores, possuindo entre seus proprietários mais célebres membros da dinastia dos Habsbourg e do imperador Guilherme II da Alemanha.

Château du Haut Koenigsbourg

Foi justamente este imperador que, no início do século XX, decidiu realizar a restauração castelo, que havia sido destruído e abandonado durante a Guerra dos Trinta Anos. Hoje em dia, ele abriga móveis e outros objetos do fim da Idade Média e do Renascimento, além de ser um belo exemplo de uma fortaleza medieval, com escadarias de pedra, pontes-levadiças, salas de armas e assim vai.

Château du Haut-Koenigsbourg
Château du Haut-Koenigsbourg

Fora isso, o Château du Haut-Koenigsbourg possui uma localização privilegiada, a 757m de altitude, oferecendo uma vista espetacular das planícies da Alsácia e da cadeia de montanha dos Vosges.

Château du Haut Koenigsbourg
Olha ele lá no alto!
Château du Haut Koenigsburg
Vista a partir do estacionamento do Haut-Koenigsburg

Há duas maneiras de chegar até o castelo: de carro, curtindo a bela paisagem e a estradinha curva que passa no meio de uma mata fechada, ou com o ônibus próprio que sai da estação de trem da cidade de Sélestat.

Château du Haut Koenigsbourg
Estrada que leva ao castelo: passaram até esquilinhos correndo na frente do carro, então ande devagar!

Caso vá de carro, verá diversos veículos estacionados ao longo da estrada e, sim, este é o estacionamento. Mas não precisa se afobar, porque algumas pessoas deixam o carro realmente longe da entrada (e é uma bela subidinha a pé). Dirija até bem pertinho do castelo, procurando uma vaga e, caso nenhuma apareça, será possível retornar ao início do estacionamento após fazer a volta no castelo.

Château du Haut Koenigsbourg
Essa é a visão que se tem da vaga de estacionamento mais próxima ao castelo

Como havia lido que a visita ao Château poderia demorar algumas horas, optamos por só olhá-lo de pertinho, curtir um pouco a vista lá de cima e seguir viagem, porque queríamos conhecer muitos outros lugares naquele dia.

Justamente por isso que recomendo incluir um dia a mais no roteiro, para não precisar fazer esse tipo de opção…

Château du Haut-Koenigsbourg

O ingresso para o castelo custa 9€ para adultos e 5€ para crianças e adolescentes entre 6 e 17 anos. Os horários de abertura variam conforme a época do ano, então sugiro consultar o site oficial quando for fazer sua visita.

RIBEAUVILLÉ

Saindo do Château du Haut-Koenigsbourg, são apenas 15 minutos de carro, passando por enormes vinhedos e cidadezinhas fofas, até chegar a Ribeauvillé, famosa por seus três castelos, todos construídos sobre a mesma montanha.

Apesar de serem facilmente avistados de alguns pontos da cidade, os castelos medievais de Saint Ulrich, Haut-Ribeaupierre e Giersberg só podem ser visitados a pé, em uma trilha de aproximadamente 2h30 chamada “Circuit des trois châteaux” (“Circuito dos três castelos”).

Ribeauvillé
Lá no fundo é possível enxergar as ruínas dos castelos
Ribeauvillé

Eu e meu grupo tínhamos outras prioridades (e muita fome), então seguimos diretamente para o centro da cidadezinha, onde estacionamos o carro com facilidade e saímos em busca de um restaurante.

Ribeauvillé
Ribeauvillé

Almoçamos no Winstub Zum Pfifferhüs, todo decorado como uma taverna, com comida típica alsaciana. Experimentamos o “boudin aux pommes em feuilleté” (espécie de morcilla preta assada dentro de uma massa de pão), as “joues de porc sauce Pinot Noir” (bochechas de porco com molho de vinho) e o famoso “cordon bleu” (bife de vitela à milanesa, recheado de presunto e queijo da região).

Ribeauvillé
Cordon Bleu

A comida estava deliciosa, mas a garçonete não era nada simpática, mesmo eu falando francês…

Wistub Zum Pfifferhus
Joues de Porc Sauce Pinot Noir
Ribeauvillé
Boudin aux Pommes en Feuilleté

Depois do almoço, caminhamos pela cidade, que tem uma rua principal bem comprida e cheia de lojas. As casinhas em estilo enxaimel, cheias de flores nas janelas, dão um charme muito especial ao lugar.

Ribeauvillé
Ribeauvillé
Hôtel de Ville (prefeitura)

Alguns dos pontos que mais chamam a atenção são a Place de la Sinne, com a Fontaine Friedrich (uma fonte esculpida por uma criança de Ribeauvillé em 1862), a Maison Siedel (casa toda vermelha em estilo enxaimel) e o símbolo do vilarejo, a Tour des Bouchers, torre construída em 1290 (e reconstruída em 1536), com 29m de altura.

Ribeauvillé Place de la Sinne
Place de la Sinne
Ribeauvillé
Tour des Bouchers

RIQUEWIHR

Situada a apenas de 10 minutos de carro de Ribeauvillé, essa cidadezinha de pouco mais de 1.200 habitantes entrou, com razão, para a lista dos mais belos vilarejos da França (“Les Plus Beaux Villages de France”).

Riquewihr Alsácia

Caminhar por suas ruelas de paralelepípedo, com as casas em estilo enxaimel mais lindas e coloridas da Alsácia, é mergulhar dentro de um livro de histórias e se sentir, por alguns instantes, em um mundo de fantasia. Há quem diga que o vilarejo de Riquewihr foi usado como inspiração para a cidade onde vivia a Bela, da Bela e a Fera, no desenho da Disney de 1991 (eu, sinceramente, acho que a inspiração pode ter vindo de qualquer um dos vilarejos da Alsácia…).

Riquewihr
Riquewihr

Riquewihr prosperou muito ao longo dos séculos, especialmente no século XVI, graças à vinicultura e à qualidade de seu vinho, que ficou famoso em toda a Europa. Tudo isso permitiu à cidade se fortificar com uma muralha dupla e construir belas casas com arquitetura excepcional ao longo dos séculos XV e XVIII, a maioria intacta ainda hoje.

Riquewihr
Porta da muralha externa

Chama atenção a torre Dolder, com 25m de altura, construída em 1291, juntamente com a primeira muralha, com a finalidade de ser uma torre de guarda e portão de entrada de aparência bem austera para a cidade, de forma a dissuadir ataques de invasores. O interessante é que, para o lado interno, a torre é bem bonita e ornamentada em estilo enxaimel (mas essa beleza era só para os moradores verem, não para forasteiros! Hehe).

Riquewihr
Dolder
Riquewihr
Parte externa do Dolder

Enfim, caminhe com calma por toda a cidade murada, o que não levará mais do que uma hora, tirando muitas fotos e apreciando a beleza e capricho desse vilarejo tão especial.

Riquewihr Alsácia
Também é possível conhecer toda a Alsácia de bicicleta!

Ah, e não deixe de degustar alguns dos Grand Crus (melhores vinhos) da região, em uma das inúmeras vinícolas da cidade e dos arredores.

Riquewihr
Na entrada da cidade é possível avistar muitos vinhedos nos arredores

KAYSERSBERG

Terminamos o nosso dia com um rápido passeio pela cidade de Kaysersberg, eleita a preferida dos franceses em 2017.

Kaysersberg

Assim como Riquewihr, o vilarejo é a coisa mais lindinha, com casas em estilo enxaimel coloridas dos séculos XV e XVI e muitas floreiras nas janelas. A grande diferença está na presença do rio Weiss, que garante fotos lindíssimas em torno na Ponte Fortificada de 1514, construída para evitar a entrada de barcos inimigos na cidade.

Kaysersberg Alsácia

Além disso, da ponte fortificada consegue-se avistar o castelo imperial, construído entre os séculos XIII e XVI no alto de uma colina (o que garantia uma visão privilegiada de todo o vale). É possível subir até ele em uns 15 minutos de caminhada por uma trilha que parte do estacionamento atrás do Hôtel de Ville.

Caminhe pela Rue du Général de Gaulle, a principal da cidade, com pequenos desvios para explorar as ruelinhas laterais (se quiser), e você sairá satisfeito com tantas paisagens pitorescas.

Kaysersberg

Um dos prédios que vai chamar sua atenção é o Hôtel de Ville (prefeitura), construído entre 1604 e 1605, e hoje todo decorado com flores nas janelas. Logo ao lado, ficam o Escritório de Turismo da cidade, onde você pegar um mapa com indicação de um roteiro a seguir, e a igreja Sainte Croix, construída em etapas, entre o século XII e o século XV.

Kaysersberg
Hôtel de Ville

Além de seu belo portal romano na entrada, a igreja é famosa pelo enorme altar formado por painéis de madeira esculpidos por Jean Bongart, em 1518, representando a Paixão de Cristo, sua crucificação e ressurreição.

Kaysersberg Ste. Croix

Visitei a igreja bem no final do dia, depois das 18hrs, quando o comércio já estava todo fechado e havia pouquíssimas pessoas circulando na cidade. Quando abri a porta, estava tudo escuro lá dentro, mas imaginei que era assim mesmo (afinal, era uma igreja medieval né). Depois de dar alguns passos relutantes pela nave central, pois ainda estava meio da dúvida se eu poderia estar ali ou se a igreja já estava fechada, uma enorme estátua de Jesus Cristo crucificado se iluminou bem no meio da igreja e, em seguida, o mesmo aconteceu com o painel atrás do altar. Tenho que admitir que quase dei um grito e saí correndo! Que susto!!! Haha!

Kaysersberg Ste. Croix

Impressionante como essas construções medievais fazem com que a gente se sinta em outro mundo (ou em outra época!).

Em frente à Église de Sante Croix, fica a Fonte de Constantino, esculpida em 1521, em arenito rosa e amarelo, pelo mesmo artista que fez os painéis do altar. Ela é classificada como monumento histórico desde 1932 e está entre os locais mais fotografados de Kaysersberg.

Kaysersberg
La Fontaine Constantin

Saindo de Kaysersberg, dirigimos por uns 20 minutos até Colmar, onde iríamos passar a noite, continuando nosso roteiro de carro pela Alsácia no dia seguinte.

Leia também: