Colmar e Eguisheim: um dia perfeito na Alsácia

Colmar e Eguisheim: um dia perfeito na Alsácia

11 de dezembro de 2019 23 Por Passagem Comprada

Depois de um dia inteiro em Estrasburgo e outro passeando de carro por inúmeras cidadezinhas maravilhosas, nosso roteiro pela região da Alsácia chegou ao seu terceiro dia cheio de boas memórias e muita expectativa. Teríamos pela frente 24 horas para explorar todos os cantinhos de Colmar (nossa segunda cidade-dormitório na região) e de sua vizinha, a pequena, mas lindíssima, Eguisheim.

COLMAR

Colmar, apesar de ser a terceira maior cidade da Alsácia, tem um centro histórico tão pitoresco quanto os dos pequenos vilarejos que havíamos visitado até ali.

Colmar

Nos hospedamos no Ibis Styles Colmar Centre, com uma localização perfeita bem na borda da cidade antiga – ou seja, acessível de carro e, ao mesmo tempo, a poucos passos de distância das principais atrações. Os quartos eram simples e de tamanho normal, nada chique, mas com conforto suficiente. Eu recomendaria o hotel, mas tenho duas dicas para quem quiser se hospedar lá: 1ª) quando fizer a reserva, solicite um quarto acessível por elevador, pois um dos prédios só possui escadas; 2ª) mande e-mail com antecedência para reservar uma vaga no estacionamento – caso o do hotel esteja lotado, eles oferecerão o estacionamento público na frente, que tem convênio (foi onde estacionei e é uma ótima opção também, apenas um pouquinho mais caro).

O hotel fica em frente ao Champ de Mars, um parque muito bonito, cheio de bandeiras comemorativas e com duas estátuas de autoria de Auguste Bartholdi (escultor da Estátua da Liberdade nascido em Colmar): a fonte do Almirante Bruat (1864) e a estátua do General Rapp, Duque de Dantzig e herói napoleônico (1856).

Colmar Champ de Mars
Colmar Champ de Mars
Champ de Mars ao pôr-do-sol

Preciso confessar que se eu tivesse que escolher uma única cidade para visitar na Alsácia, seria Colmar. Ela é linda, cheia de casas em estilo enxaimel cercadas por canais e decoradas com flores coloridas, e ao mesmo tempo possui muitas opções de comércio e restaurantes, sendo o lugar perfeito para provar algumas das especialidades da Alsácia e até levar algumas lembrancinhas para casa.

Colmar

O legal de se hospedar em Colmar é que você terá a cidade só para si de manhã cedo (até umas 10hrs) e no final da tarde, momentos ideais para tirar muitas fotos lindas e curtir com tranquilidade o clima de cidade do interior.

Meu passeio na cidade começou pelo bairro de Petite Venise (Pequena Veneza), o mais romântico da cidade, onde o rio Lauch invade o centro histórico formando um belíssimo canal, cercado de casas em estilo enxaimel e pontes floridas.

A primeira parada foi o Marché Couvert (ou “mercado coberto”), um prédio muito bonito, de 1869, construído na beira do rio Lauch para permitir que os mercadores trouxessem seus produtos de barco. Lá dentro, diversas banquinhas vendem produtos regionais, hortaliças, queijos e pães. O mercado fica aberto o dia todo de terça a sábado, e domingo só até as 14h. Para ver os horários certinhos, acesse o site oficial.

Marché Couvert
Marché Couvert

Dali, fizemos uma agradável caminhada pelo Quai de la Poissonerie, uma rua às margens do rio Lauch cheia casas em estilo enxaimel coloridas, coladinhas umas nas outras. A maioria dessas residências pertencia a membros da corporação de pescadores e peixeiros de Colmar.

Colmar Petite Venise

Quase na esquina da Rue de la Poissonerie com Rue Turenne, onde há uma ponte, você vai encontrar um pequeno píer de onde saem passeios de barco pelo rio Lauch (no mesmo tipo de embarcação utilizada antigamente pelos produtores para levar suas mercadorias até o Marché Couvert). O passeio dura 30min e custa 6€, sendo que o ingresso deve ser comprado dentro do Restaurante La Krutenau (bem em frente).

Passeio de barco Colmar
Gansos seguindo o nosso barquinho
Colmar Petite Venise

Eu gostei muito dessa experiência de andar quase encostando na água (o barquinho é bem baixo), passando ao lado de casas antiquíssimas e de muita vegetação, sempre sendo seguida por um grupo de gansos interessados em ganhar algum petisco. Isso sem falar nos momentos em que o barco passava embaixo de pontes e todos precisavam se abaixar (quase deitar!) para não bater a cabeça! Foi bem divertido e pude aprender um pouco sobre cada uma das casas por que passávamos, já que o barqueiro narrava todo o passeio (em francês).

Passeio de barco Colmar
Petite Venise

A próxima parada foi a Place de l’Ancienne Douane, onde fica a antiga alfândega da cidade (“Le Koïfhus”), um prédio construído em 1480 em estilo gótico e renascentista que foi o centro político e econômico de Colmar. Por ali passavam, na Idade Média, todas as mercadorias que entrassem na cidade, para que fossem devidamente taxadas. Já no primeiro andar, havia uma sala onde eram realizadas as reuniões dos deputados da Décapole, federação das dez cidades imperiais da Alsácia.

Ancienne Douane
“Ancienne Douanne” ou “Le Koïfhus”

Também na mesma praça, encontramos a Fontaine Schwendi, famosa fonte com uma estátua de Lazare Von Schwendi esculpida pelo célebre escultor de Colmar: Auguste Bartholdi. Schwendi é considerado um personagem muito importante na região, pois foi ele quem trouxe, de uma viagem à Hungria, o “savoir-faire” (ou “know-how”) vitícola do Tokay que, na sequência, levou ao desenvolvimento do famoso Tokay-Pinot Gris da Alsácia.

Colmar Fontaine Schwendi

Esse é mais um local muito pitoresco da cidade, rendendo belíssimas fotos dos prédios em estilo enxaimel com a fonte e flores por todo lado.

Passando por baixo da Ancienne Douane (ou “Koïfhus”), você entrará na Rue des Marchands, uma das mais interessantes de Colmar para quem gosta de souvenirs e produtos locais. É a própria ruela de vilarejo medieval, e cada casa abriga uma lojinha, confeitaria ou salão de chá mais simpático que o outro.

Lojinha Rue des Marchants
Lojinha Alsácia
Algumas das delícias que você encontrará em Colmar

Na esquina com a Rue Mercière, fica a famosa Maison Pfister, uma mansão burguesa construída em 1537 com arquitetura medieval, mas ao mesmo tempo toda decorada com personagens bíblicos associados a retratos de imperadores (o que mostra o gosto da burguesia comercial pela cultura humanista do renascimento).

Maison Pfister
Maison Pfister

Bem ao lado, chama a atenção mais uma casa antiga: a Maison Zum Kragen, construída em 1419 com uma estátua representando um mercador bem na quina de sua fachada.

Colmar
Maison Zum Kragen – não confundir a estátua do mercador com o morador que está na janela! hehehe!

Ainda na Rue des Merchants, você vai passar pelo Museu Bartholdi, casa do artista nativo de Colmar responsável por esculpir a Estátua da Liberdade.

Musee Bartholdi

Pegando a Rue Mercière (ou a próxima), chega-se à Collégiale Saint-Martin, uma igreja com dimensões de catedral construída a partir de 1234 em estilo gótico. No topo, em enorme ninho de cegonha construído para receber o animal símbolo da Alsácia, que passa a primavera e o início de verão na região, onde se reproduz.

Collégiale Saint Martin
Collégiale Saint Martin
A cegonha não está lá, mas o ninho e a “sujeira” da sua última visita, sim!
Collégiale Saint Martin

Depois disso, sugiro uma caminhada pela Rue des Serruriers, passando pela Église des Dominicains, dos séculos XII e XIV, onde você pode admirar o quadro “La Vierge au Buisson de Roses”, obra de arte de 2m de altura por 1,15m de largura, de autoria do pintor local Martin Schhongauer.

Entre, em seguida, na Rue des Têtes, que, além de muitas lojas interessantes, abriga a célebre Maison des Têtes, mansão burguesa construída em 1609 e toda decorada com 105 máscaras grotescas esculpidas em sua fachada. Hoje em dia, funcionam ali um hotel e um restaurante.

Colmar Maison des Têtes
Maison des Têtes: as “cabeças” estão esculpidas nas janelas e naquela espécie de sacada que se projeta bem no meio do prédio
Colmar Maison des Têtes2
Detalhe da janela com as cabeças esculpidas

A poucos passos dali, na Rue de l’Eau, vale a pena visitar a loja “Le Village Hansi”, o verdadeiro paraíso dos produtos típicos e souvenirs. No local, funciona também um museu em homenagem a Jean Jacques Waltz (conhecido como “Hansi”), famoso ilustrador alsaciano, conhecido por representar os principais símbolos da região, como a cegonha e a camponesa com vestimentas típicas.

No final da Rue del’Eau, fica a Place des Unterlinden, praça ao redor da qual você vai encontrar o centro de informações turísticas, o Petit Train de Colmar (trenzinho de passeio) e o Museu Unterlinden, com pinturas e esculturas da região produzidas no final da Idade Média e no Renascimento.

Petit Train de Colmar
Petit Train de Colmar

Bem na esquina dessa praça, há um Monoprix grandão – para quem não sabe, essa é uma rede de supermercados francesa que, nessas lojas maiores, tem também roupas e cosméticos. É uma ótima oportunidade de “passear no super”, um dos meus programas favoritos no exterior!

E se você ainda tiver tempo na cidade, sugiro um passeio pelas ruas comerciais do centro histórico, especialmente a Rue des Clefs e a Grand Rue, onde você vai encontrar muitas lojas de roupas, sapatos, cosméticos e produtos regionais, como patês, geleias e doces.

Colmar Rue des Clefs

À noite, a cidade morre: a maioria dos turistas vai embora e ficam abertos apenas os restaurantes. Eu ainda dei sorte e, em um dos dias que dormi em Colmar, estava ocorrendo um show de danças folclóricas alsacianas na Ancienne Douane. Achei bem legal, especialmente em razão da oportunidade de ver os bailarinos com as roupas típicas da região. Esse evento aconteceu em todas as terças-feiras do verão em 2019 e é provável que seja algo anual.

Colmar danças folclóricas
Colmar danças folclóricas

EGUISHEIM

Depois de passear bastante por Colmar, concluímos, ali pelas 16hrs, que ainda daria tempo de pegar o carro e conhecer um vilarejo localizado a menos de 15 minutos de distância: Eguisheim.

E que decisão acertada!

Esse vilarejo de menos de 2 mil habitantes é uma verdadeira joia da Alsácia! Eleita cidade preferida dos franceses em 2013, membro da lista de vilarejos mais bonitos da França desde 2003 e detentora de nota máxima em uma premiação para as cidades mais floridas do país, Eguisheim não brinca em serviço quando o assunto é maravilhar os visitantes.

Eguisheim

Estacione do lado de fora da cidade, no grande “parking publique” (pago), e escolha uma ruelinha para começar sua exploração.

A principal característica desse vilarejo é o seu formato circular, com uma rua muito antiga, cheia de construções típicas (e floridas), chamada Rue de Rampart (Nord, de um lado, e Sud, de outro). Você pode começar seu passeio fazendo toda a volta na cidade por essa rua, aproveitando para tirar muitas fotos lindas.

Eguisheim
Eguisheim
Eguisheim
Alguém precisando de uma caçarola nova???

Depois, dirija-se para a parte mais central do vilarejo, caminhando por todas as ruelinhas que encontrar, visitando algumas das MUITAS caves da cidade, afinal, Eguisheim foi o berço da tradição vinícola alsaciana – ali que os romanos plantaram, no século IV, as primeiras vinhas da região.

Eguisheim

Bem no centro da cidade (é claro), encontra-se o castelo de Eguisheim, construído em 720 e local de nascimento de um dos filhos mais célebres da Alsácia, o Papa Leão IX. Na praça logo em frente, a Place du Château, há uma estátua em homenagem ao Papa.

Eguisheim Château
Eguisheim

Inspirados com todo o encantamento que a cidade nos trouxe, tivemos a brilhante ideia de comprar algumas coisinhas típicas para fazer um piquenique. Escolhemos um bom vinho, algumas terrines, patês, queijos e pães (tudo ali na rua principal do vilarejo) e fizemos um dos jantares mais especiais da viagem (e um dos mais baratos também!). Fica a dica, não só para Eguisheim, mas qualquer outra cidade da França!!!

Piquenique na Alsácia

Se as paisagens de Colmar te conquistaram, você precisa conhecer também Annecy, outra cidade francesa muito charmosa, com um lago lindo e cheia de canais (que deram a ela o apelido de Veneza dos Alpes).


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