Champs-Élysées: roteiro saindo do Arco do Triunfo

Champs-Élysées: roteiro saindo do Arco do Triunfo

7 de agosto de 2020 0 Por Passagem Comprada

Para mim, não há maneira melhor de conhecer uma cidade do que caminhando. E Paris não é diferente! Os principais pontos turísticos da cidade ficam a uma distância relativamente curta e o deslocamento entre eles é a cereja do bolo de uma viagem para lá! Uma região que concentra uma enorme quantidade de monumentos e construções históricas é o trecho entre o Arco do Triunfo e a Place de la Concorde, boa parte do qual é ocupada pela famosíssima Avenue des Champs-Élysées. Por isso, eu recomendo que você deixe o ônibus de turismo de lado, coloque um par de sapatos confortáveis e se divirta com esse roteiro que preparei pelos arredores da Champs-Élysées, partindo do Arco do Triunfo.

Champs-Élysées Mapa

Arco do Triunfo

Vamos começar por um dos monumentos mais conhecidos de Paris, o Arco do Triunfo, construído entre 1806 e 1836 a mando de Napoleão Bonaparte, em homenagem às vitórias militares da França. Planejado pelo arquiteto Jean-François Chalgrin, com 50 metros de altura por 45 metros de largura e 22 metros de profundidade, o Arco do Triunfo se destaca bem no meio da Place Charles de Gaulle, interseção de doze das principais avenidas de Paris – o que torna um verdadeiro risco tentar chegar ao monumento por cima da terra.

Por isso, o acesso ao Arco se dá por passagens subterrâneas localizadas nas esquinas da Avenue des Champs-Élysées e da Avenue de la Grande Armée.

Arco do Triunfo

Chegando lá embaixo, chamam a atenção os detalhes insculpidos nas paredes do arco, em especial os nomes de 128 batalhas vencidas pelo exército napoleônico e de 558 generais franceses que participaram das guerras.

Arco do Triunfo

No chão, há uma homenagem também aos soldados franceses mortos durante a Primeira Guerra Mundial, representados pelo túmulo de um soldado não identificado, enterrado ali em 1921 (conhecido como “Tombe du Soldat Inconnu”). O monumento ainda é engrandecido pela presença de uma chama eterna, acesa em 1923 e nunca apagada desde então.

Tombe du Soldat Inconnu

Para quem quiser ver a vista (que é bem interessante, pois a gente enxerga a Torre Eiffel bem perto), é possível subir até o topo do Arco do Triunfo. O ingresso, em 2020, custa 13€ e está incluso em diversos passes turísticos da cidade de Paris. O único desafio é enfrentar os 284 degraus que separam o chão do topo do monumento. E antes que você me pergunte: existe sim um elevador, mas ele só pode ser usado por visitantes com mobilidade reduzida, grávidas e pessoas com crianças de colo. Mais informações sobre horários e ingressos você encontra no site oficial.

Arco do Triunfo

Avenue des Champs-Élysées

Depois de conhecer o Arco do Triunfo, é hora de caminhar pela avenida mais famosa de Paris, considerada por muitos a mais bela do mundo. Com quase 2km de comprimento perfeitamente arborizados, a Avenue des Champs-Élysées é um marco da cidade, o local onde ocorrem desfiles patrióticos, comemorações populares (como o Réveillon) e grandes eventos esportivos (é ali a linha de chegada do Tour de France).

Champs-Élysées

Nessa parte mais próxima do Arco (que na verdade é o final da avenida), a Champs-Élysées é cheia de grandes cinemas, restaurantes, joalherias e lojas de roupas, sempre muito agitada com a presença constante de consumidores e turistas. Fora isso, você vai encontrar algumas cafeterias e confeitarias, como a famosíssima Ladurée, no número 75.

Embora boa parte das lojas da Champs-Élysées sejam bem caras, algumas marcas mais “normais” também batem ponto por ali, como Zara, Disney Store e Adidas. Então, guarde um tempinho do seu roteiro pela Champs-Élysées para olhar vitrines e talvez até fazer umas comprinhas.

Champs-Élysées

Chegando no Rond-Point des Champs-Élysées (que nada mais é que uma grande rotatória), chamam a atenção, desde 2019, as seis grandes fontes super-modernas, criadas pelos designers Ronan e Erwan Bouroullec, misturando água, luz e movimento.

Champs-Élysées Fonte

Nesse momento, se você tiver muito dinheiro para gastar ou quiser ver onde os ricos fazem suas compras, pode dobrar à direita e dar uma voltinha na Avenue Montaigne, passando por lojas como Gucci, Balenciaga, Versace, Chanel e Dior.

Jardin des Champs-Élysées

Se continuar, no entanto, pela Champs-Élysées, vai entrar numa parte completamente diferente da avenida, sem qualquer comércio, mas cercada por enormes jardins extremamente bem cuidados. O Jardin des Champs-Élysées, criado em 1667 por André Le Nôtre como uma extensão do Jardin des Tuileries, se estende por todo o espaço entre o Rond-Point des Champs-Élysées e a Place de la Concorde, dos dois lados da avenida, abrigando alguns teatros pequenos e restaurantes.

Jardin de Champs-Élysées

O lado esquerdo de quem vem do Arco do Triunfo oferece uma oportunidade muito agradável de entrar em contato com a natureza, com grandes árvores, canteiros de flores, diversas fontes clássicas e bancos estrategicamente posicionados para descansar à sombra (ótimo para dar uma folga aos pés na metade do roteiro pela Champs-Élysées). Atrás do jardim fica o Palais de L’Élysée (Palácio do Eliseu), residência oficial do presidente da França.

Jardin de Champs-Élysées
Jardin de Champs-Élysées

Já do lado direito, você encontrará duas belíssimas construções encomendadas para a Exposição Universal de Paris de 1900: O Grand Palais e o Petit Palais.

Grand Palais

O Grand Palais de Beaux-Arts, conhecido normalmente apenas como Grand Palais, teve sua construção iniciada em 1897 e, após cumprir sua função original de abrigar a Exposição Universal, passou a servir de palco para as grandes manifestações artísticas de Paris. O grandioso edifício se destaca pelo estilo Art Nouveau, característico da Escola de Belas Artes de Paris, com uma fachada de pedra esculpida e um surpreendente “telhado” envidraçado em formato de abóbada, cujo cume chega a 45 m de altura e visível de diversos pontos da cidade.

Grand Palais

Acredite ou não, a cobertura do Grand Palais, cujas vidraças são sustentadas por grandes estruturas de ferro e aço, tem uma quantidade de metal que ultrapassa as 9 mil toneladas, quase 2 mil a mais que o peso da Torre Eiffel!!!

Grand Palais
Telhado de vidro do Grand Palais visto de um barco de passeio que passava debaixo da Ponte Alexandre III

Hoje em dia, o prédio abriga grandes exposições temporárias, cuja programação e valores de ingressos podem ser obtidos no site oficial.

Entre dezembro de 2020 e a primavera de 2023, no entanto, o monumento ficará totalmente fechado para uma renovação completa, reabrindo a tempo dos Jogos Olímpicos de 2024.

Petit Palais

Bem em frente ao Grand Palais, fica o seu irmão menor, o Petit Palais, também concebido especialmente para a Exposição Universal de 1900, pelo arquiteto Charles Girault. O edifício é ricamente decorado por pinturas e esculturas destinadas a glorificar a cidade de Paris e a celebrar a arte, as quais demoraram mais de 20 anos (de 1903 a 1925) para serem concluídas.

Petit Palais

Desde 1902, o Petit Palais foi convertido em Museu de Belas Artes e abriga um acervo permanente que vai desde a Antiguidade até o final do século XIX, incluindo obras de Rembrandt, Rubens, Cézanne e Gustave Courbet. Bem no centro do prédio, um lindo jardim convida os visitantes a relaxar entre uma obra e outra.

Petit Palais
Ricos detalhes das paredes e teto do Petit Palais

E o melhor: tudo isso pode ser visitado gratuitamente, de terça a domingo, das 10h as 18h, com exceção de feriados. Só é necessário comprar ingressos para as exposições temporárias que ocorrem sazonalmente no Petit Palais.

Ponte Alexandre III

Para encerrar o conjunto de obras arquitetônicas elaboradas para a Exposição Universal de 1900, caminhe até o final da Avenue Winston Churchill (entre os dois palácios) e logo chegará à mais bela ponte de Paris: a Ponte Alexandre III.

A construção da ponte teve por objetivo simbolizar a aliança franco-russa assinada em 1891 entre o imperador Alexandre III (que deu nome ao monumento) e o presidente francês Sadi Carnot. As ninfas esculpidas em cada lateral da ponte trazem, de um lado, as armas da Rússia, e de outro, as armas de Paris.

Ponte Alexandre III

Seguindo o mesmo estilo Beaux-Arts do Grand Palais, a Ponte Alexandre III recebeu uma decoração suntuosa planejada pelos arquitetos Joseph Cassien-Bernard e Gaston Cousin, marcada por lindos postes de iluminação em estilo Art Nouveau e grandes pilares que sustentam estátuas em bronze dourado das quatro Famas, acompanhadas de cavalos alados.

Ponte Alexandre III

De cima da ponte se tem uma belíssima vista do Rio Sena, com os barcos de passeio passando a todo instante, e, é claro, da sempre imperdível Torre Eiffel, que ganha um fundo vermelho-alaranjado absolutamente pitoresco ao pôr-do-sol.

Ponte Alexandre III

Do outro lado da Ponte Alexandre III fica o Hôtel des Invalides, onde está o túmulo de Napoleão Bonaparte.

Mas calma, não é hora de atravessar a ponte ainda!

Ponte Alexandre III

Place de la Concorde

Vamos continuar nosso roteiro caminhando até o final da Champs-Élysées para conhecer a enorme Place de la Concorde, a maior praça de Paris.

Finalizada em 1772, a Place de la Concorde tem um passado sangrento. Foi ali que se instalou a guilhotina durante a Revolução Francesa e onde mais de mil pessoas perderam a vida, entre elas algumas figuras importantíssimas como o rei Luís XVI, a rainha Maria Antonieta, Danton e Robespierre.

Place de la concorde Paris
Da praça é possível avistar a Torre Eiffel e o Grand Palais

Entre 1836 e 1846, o arquiteto Jacques-Ignace Hittorf redesenhou a praça, deixando-a com a aparência que possui até hoje: são duas fontes maravilhosamente esculpidas representando a navegação marítima e fluvial – a Fontaine des Mers (Fonte dos Mares) e a Fontaine des Fleuves (Fonte dos Rios), uma de cada lado do gigantesco Obelisco de Luxor (com 22,86 metros), de mais de 3.300 anos.

O monumento foi doado à França pelo vice-rei do Egito em 1836 e a loucura de colocar o obelisco de 230 toneladas de pé no meio da praça atraiu uma multidão de mais de 200 mil pessoas!

Place de la Concorde
Place de la Concorde

A praça é delimitada, em sua parte norte, por dois grandes e idênticos edifícios de pedra do século XVIII, que abrigam hoje em dia o Ministério da Marinha, o Clube do Automóvel da França e um hotel chiquérrimo chamado Hotel de Crillon. Do lado oeste fica a Champs-Elysées, ao leste o Jardins des Tuileries e ao sul o Rio Sena (sendo que depois dele é possível avistar o imponente Palais Boubon, onde fica a Assembleia Nacional).

Place de la Concorde
E bem no meio entre os dois prédios, seguindo pela Rue Royal, está a Église de la Madeleine

Tome muito cuidado para atravessar a rua em volta da praça, pois é uma rotatória muito movimentada e os carros surgem quando menos se espera!

A partir daqui, dependendo do tempo que você ainda tiver à disposição e da sua dor nos pés, você pode optar por continuar seu passeio ingressando no Jardin des Tuileries, pode pegar a Rue Royal e seguir em direção à Madeleine, pode caminhar por baixo dos belos arcos da Rue de Rivoli ou pode simplesmente pegar um metrô, ônibus ou táxi e ir descansar no seu hotel/AirBnb.

Independente do que escolher, não há dúvida de que até esse momento, com esse roteiro pelos arredores da Champs-Élysées, você já terá conhecido alguns dos lugares mais imperdíveis de Paris e aproveitado muito o seu dia!

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