
O que fazer em Dijon em um dia?
A capital da Borgonha pode até ser mais conhecida por suas famosas mostardas, mas tem muito mais a oferecer em suas ruelinhas antigas e cheias de história. Além de porta de entrada para uma das rotas de vinhos mais famosas da França, Dijon manteve intactas inúmeras construções dos séculos XIV e XV, quando abrigou os Duques da Borgonha, extremamente ricos e mais poderosos do que o próprio rei. Vou deixar aqui, então, algumas dicas do que fazer em Dijon em um dia.

A melhor forma de conhecer é Dijon é seguir o Parcours de la Chouette (Caminho da Coruja), uma rota que passa pelos principais pontos turísticos da cidade, devidamente demarcados por placas douradas no chão, com a figura de uma coruja e o número da atração correspondente. Para ter as informações completas sobre cada ponto do trajeto, com a indicação do número que você vai encontrar no chão, o ideal é comprar o mapa vendido no Centro de Informações Turísticas da cidade.

Mas se não fizer questão disso e já tiver feito sua pesquisa prévia sobre os locais a visitar, também pode seguir as flechas douradas com pequenas corujinhas espalhadas pelas ruas de Dijon. Alguns mapas turísticos gratuitos também têm o trajeto demarcado, mas sem a numeração correspondente e as informações sobre cada ponto turístico.

A coruja que deu nome ao trajeto turístico fica na Rue de la Chouette, na lateral da Igreja Notre-Dame de Dijon. Atualmente mal dá para perceber que aquilo é uma coruja, de tão gasta que está a escultura do século XVI, em razão de todas as pessoas que passaram a mão nela para ter sorte (tem que esfregar a mão esquerda e fazer um pedido).


Então vamos começar o passeio por ali!
A primeira coisa que você vai ver com certeza é a imponente Igreja Notre-Dame de Dijon, construída entre 1230 e 1250, toda decorada com 51 gárgulas representando a luta entre o bem e o mal. Ainda pelo lado de fora, pode-se observar o famoso relógio mecânico, conhecido como “Jacquemart”, cujos autômatos tocam sinos a cada quarto de hora.



No interior, chamam atenção os belos vitrais, construídos a partir do século XIII, as pinturas da época medieval, um grande órgão de 1895 e a famosa estátua de madeira da Nossa Senhora da Boa Esperança, esculpida entre os séculos XI e XII, e considerada uma das mais antigas da França.

Quase em frente à coruja posicionada na lateral da Igreja Notre-Dame de Dijon, fica a loja de uma das mais importantes fábricas de mostarda da Borgonha, a Moutarderie Edmond Fallot, inaugurada em 1840.

Mesmo que você não pretenda comprar mostarda, vale a pena fazer uma visita à boutique e entrar num mundo dedicado inteiramente a esse condimento. É possível degustar os mais diferentes sabores de mostardas (elas são misturadas com ervas, mel, pimenta, sementes de cassis, vinho e diversos outros ingredientes), mas siga o meu conselho: coloque apenas uma gotinha das mostardas na boca, porque algumas delas são tão fortes que enchem os olhos de lágrimas!


Alguns passos depois da Edmond Fallot, ainda na Rue de la Chouette, você vai passar em frente ao Hôtel de Vogüé, uma mansão do século XVII com arquitetura inspirada no estilo renascentista italiano. Chama atenção o telhado feito com as típicas telhas envernizadas da Borgonha, formando um mosaico colorido. O local hoje abriga órgãos municipais, mas é possível visitar o pátio e a Sala da Guarda.

Um pouquinho mais adiante, na esquina da Rue de la Chouette com Rue Verrerie, eu comi um macaron espetacular na Jonathan Pautet Chocolatier (#ficaadica).


E já que estamos por aqui, por que não dar uma olhadinha na Mulot&Petitjean, delicatessen mais famosa de Dijon (e com várias lojas espalhadas pela cidade), cujo carro-chefe é o “Pain d’Épices”, uma espécie de pão de mel bem carregado nas especiarias? Você vai encontrar a iguaria em diversos formatos e com os mais variados recheios e, se tiver dúvida se vai gostar (o sabor pode ser um pouco forte para o paladar brasileiro), é só pedir uma provinha para os atendentes!

Vire à direita na Rue Verrerie e, após uma quadra, chegará à Place des Ducs e ao Palais des Ducs et des États de Bourgogne, que hoje abriga a prefeitura e o Museu de Belas Artes de Dijon. O palácio, reconstruído nos séculos XIV e XV, serviu de moradia para os Duques da Borgonha e representava o poder ducal, cujo objetivo era promover a excelência na produção de vinhos. É uma construção que realmente domina a paisagem do centro da cidade e fica ainda mais linda do meio para o fim da tarde, quando o sol bate em cheio na sua fachada.



Chama bastante atenção a Tour Philippe le Bon, chamada também de Tour de la Terrace, construída na metade do século XV. É possível fazer uma visita guiada à torre, começando pela escadaria ricamente decorada que levava aos aposentos ducais, e terminando com um magnífico panorama da cidade, do alto do terraço localizado a 46m de altura.

A melhor vista do Palais des Ducs et des États de Bourgogne é a partir da Place de la Libération, especialmente se você puder sentar e relaxar nas mesinhas externas de um dos bares ou cafés dispostos ao redor da praça. É um daqueles lugares que fazem você ter certeza que está na Europa!

Dali você pode dar uma caminhada tranquila pela Rue des Forges, onde estão algumas das mais antigas mansões da cidade, com destaque para o Hôtel Chambellan no número 34, construída no século XV por Henri Chambellan, prefeito de Dijon. A casa é considerada um dos mais belos exemplos da arquitetura civil do fim do período gótico flamboyant e você pode entrar no pátio interno para observar os ricos detalhes em madeira de uma das galerias, além de uma interessante escadaria em espiral toda feita em pedra.


Na ponta da Rue des Forges, chega-se à Place François Rude, marcada pela presença de um clássico carrossel e cercada de bares e cafeterias que ficam lotadas nos fins de tarde.


Aproveite para explorar a Rue de la Liberté, cheia de lojas de famosas, e não deixe de dar uma paradinha na boutique da famosa Mostarda Maille, que existe desde 1747! Assim como na Edmont Faillot, ali também é possível degustar inúmeros tipos de mostardas, com os mais variados sabores, além de óleos e vinagres temperados. Para mim, a maior diferença entre as duas é a picância: na Maille há mais opções de condimentos que não fazem a gente chorar! Hehe!



Quero só aproveitar esse momento para fazer um parêntese no roteiro e dar uma dica: muitas das mostardas vendidas nessas boutiques (não todas!) podem ser encontradas em lojas de souvenir e supermercados, às vezes com preços mais baixos. Então se você tiver tempo e interesse em pesquisar preços, não saia comprando tudo que vê diretamente nas lojas oficiais das marcas. Mas aproveite para experimentar tudinho!!!
No fim (ou início) da Rue de la Liberté, fica a Porte Guillaume, uma espécie de arco do triunfo construído em 1788 para homenagear o Príncipe de Condé, governador da Borgonha. O monumento é muito bonito e, por isso mesmo, um dos mais populares e fotografados de Dijon.


Do outro lado da Porte Guillaume, fica a grande esplanada da Place Darcy e, mais adiante, o Parc Darcy, primeiro jardim público de Dijon (1880). O parque foi construído sobre o reservatório de água de Henry Darcy e todo planejado em estilo neorrenascetista pelo arquiteto Félix Vionnois. O lugar é lindo e muito bem cuidado, com fontes, lagos, quedas d’água e muito verde. E o melhor: diferente do Brasil, lá as pessoas podem REALMENTE relaxar no parque. Vi pessoas dormindo na grama, bolsa largada num banco enquanto a dona brincava mais longe com o seu bebê, tudo sem qualquer tipo de preocupação. Vontade de viver num lugar assim…



Para encerrar minhas dicas do que fazer em Dijon, vou falar sobre uma das coisas que mais gosto de visitar em qualquer cidade, mas que só funciona alguns dias na semana: o mercado!
Chamado de Les Halles, o mercado foi construído entre 1873 e 1875, com base em desenhos de Gustave Eiffel, nascido na cidade. As estruturas de ferro que marcam o prédio realmente lembram um pouco a Torre projetada pelo mesmo arquiteto.


Lá dentro, e nos arredores, inúmeras banquinhas vendendo os melhores e mais frescos produtos da Borgonha impressionam e dão água na boca em qualquer visitante. Além de pães, doces, frutas, legumes, salames, patês e geleias, você encontra ali todos os ingredientes para preparar os mais típicos pratos franceses, como escargots e pato.


O mercado funciona a todo o vapor nas manhãs de terça e sexta-feira e durante o dia todo de sábado. Nas quintas-feiras, embora esteja aberto, apenas algumas das bancas internas funcionam normalmente.
E se quiser, aproveite para curtir um dos vários restaurantes com mesinhas na rua espalhados pelos arredores do Les Halles!
Fora do Circuito Turístico – Lac Kir
Para quem tiver mais tempo em Dijon e gostar de conhecer um pouquinho do que os habitantes do local têm a sua disposição para aproveitar no fim de semana, recomendo um passeio no Lac Kir (que eu mesma descobri completamente sem querer).

Esse lago artificial, alimentado pelo rio Ouche, foi criado em 1964 pelo prefeito de Dijon à época, Chanoine Félix Kir. Além de possuir uma praia de areia fina aberta nos meses de verão, o lago e o parque ao seu redor são muito utilizados para a prática de esportes, caminhadas, observação de árvores e pássaros – mais de 150 espécies circulam pelo local.


O espaço é realmente muito bonito e bem cuidado e deve ficar bem animado nos finais de semana de verão. Espero visitar um dia nessa época para ver!

Para chegar até lá são só 10 minutinhos de carro do centro histórico. Quem gosta de caminhar ou andar de bicicleta, pode utilizar o caminho de 2,2km chamado “Promenade de l’Ouche” que começa bem perto da Estação de Trem e vai até o Lac Kir, sempre em meio ao verde e acompanhando o Rio Ouche. Parece ser uma opção bem bonita!
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